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Gás é entrave a aporte russo de US$1 bi em fertilizantes

por Equipe Scot Consultoria
Quinta-feira, 7 de outubro de 2010 -16h21
Os preços do gás natural no Brasil causam impasse na construção de um novo polo de fertilizantes no País. A Rússia está em vias de investir US$ 1 bilhão na construção de uma fábrica em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. No entanto, os valores do gás importado da Bolívia - via gasoduto Brasil-Bolívia - são superiores aos praticados em Moscou.

Segundo Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, secretária de estado da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (Seprotur) de Mato Grosso do Sul, um empresário russo deve chegar ao estado nos próximos dias para negociar com a Petrobras patamares que viabilizem o investimento. “Os russos querem garantia de preços para fechar o negócio”, afirma.

De acordo com a secretária de estado, pelo gasoduto Brasil-Bolívia passam cerca de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Para a fábrica russa seriam necessários diariamente dois milhões de metros cúbicos. “O mesmo volume a ser consumido pela unidade da Petrobras, que deve ser construída em Três Lagoas, também no Mato Grosso do Sul.”

Segundo Dias, a Rússia percebeu que, ao invés de exportar para o País, é melhor processar em terras brasileiras, já que o Brasil responde por grande parte dos embarques russos. “Sobra gás no Brasil. Somos o celeiro do mundo”, afirma a secretária.

Dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), mostram que de janeiro a agosto de 2010, o Brasil importou 8,87 milhões de toneladas de fertilizantes. No mesmo período em 2009, o volume foi de 6,62 milhões de toneladas do produto.

Levantamento da Anda aponta ainda um consumo nacional de 13,58 milhões de toneladas nos primeiros oito meses deste ano, ante os 13,26 milhões de toneladas consumidos no mesmo período no anterior.

O recurso para a construção da unidade russa é proveniente do governo local e pode ainda contar com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A fábrica da empresa russa Metaprocess, que encabeça o projeto, não seria viabilizada em parceria com empresas brasileiras.

Enquanto os preços do gás não definem as negociações, para sentir o ritmo do mercado, os russos vão injetar inicialmente US$1 milhão para a comercialização do insumo no Brasil.

Para Alex Santos Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, além da nova planta favorecer a produção nacional, o aumento na oferta de fertilizante no País pode fazer com que os preços recuem, mesmo com a alta demanda brasileira pelo produto. O vice-presidente do Vnesheconmbank, banco estatal russo de cooperação para o desenvolvimento econômico e dos negócios estrangeiros, e presidente da seção russa do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Sergey Vasilyev, disse que ainda não há uma decisão definitiva para os detalhes do projeto. “Vamos primeiro fornecer um pouco mais de fertilizantes para o Brasil e depois começar a produzir”, afirma.

A Petrobras anunciou no início deste ano, investimentos na ordem de R$2 bilhões na nova planta. O Mato Grosso do Sul e a prefeitura já doaram terreno orçado em R$5,9 milhões.

Segundo a secretária, o interesse da Metaprocess em levar a indústria para o estado, está na logística. “Daqui fica mais fácil distribuir o produto para o Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso”, diz, lembrando a importância do centro-oeste na produção de grãos e da cana paulista.

Para Dias, o polo de fertilizantes deve agregar outras indústrias no escoamento do insumo por meio de ferrovias e hidrovias. “Isso representa empregos, mais capacitação e melhores salários.”

Fonte: DCI. Agronegócios. Por Alécia Potes e Ernani Fagundes. 7 de outubro de 2010.