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PPPs empacam, para a infelicidade do Agronegócio

por Fabio Lucheta Isaac
Segunda-feira, 18 de julho de 2005 -12h16
Em abril de 2005, durante o seminário Perspectivas para o Agribusiness 2005/2006, Ariosto Riva Neto, da Bunge Alimentos S.A., afirmou, ao ministrar a palestra “Os Desafios da Logística para o Agronegócio”, que a imprevisibilidade dos custos e dos tempos logísticos é o maior problema do agronegócio brasileiro.

Disse ainda que a fazenda, ou seja, o setor denominado “dentro da porteira”, é o elo de maior eficiência da cadeia do agronegócio. Contudo, o produtor paga todo o custo da ineficiência logística, tanto do produto final, quanto dos insumos.

As indústrias repassam aos produtores os riscos. Cobram por ele. É como se diz: “a corda sempre estoura do lado mais fraco”.

Os problemas logísticos brasileiros, derivados da ausência de investimentos, da interiorização da produção e da balança comercial superavitária, são muitos e, infelizmente, de difícil solução.

Pode-se citar a precariedade da malha ferroviária, o baixo aproveitamento do sistema fluvial e as péssimas condições das rodovias. Tem ainda a falta de armazéns para armazenamento da safra de grãos e o número reduzido de contêineres nos portos, que atrasa a exportação e leva ao aumento dos custos.

O governo não possui recursos para sanar esses problemas, e aposta suas fichas nas chamadas Parcerias Público-Privadas (PPPs). Esperava-se, com esse projeto, movimentar R$18 bilhões em investimentos em infra-estrutura e logística até 2007.

No entanto, parece que não será bem assim. De acordo com reportagem do jornal Folha de São Paulo, dos 23 projetos que, inicialmente, o governo pensou em tocar por meio de PPPs, apenas dois são considerados como realmente prioritários e têm chances de serem executados até 2006.

O principal entrave à consolidação das PPPs é uma disputa no governo sobre qual entidade bancária irá gerir o Fundo Garantidor das parcerias. O fundo é considerado pelo setor privado como a “alma” das parcerias público-privadas. Sem ele, não há investimentos.

O Banco do Brasil e o BNDES disputam o controle dos recursos. Enquanto eles se distraem com o embate, o Agronegócio - já castigado pelos estragos da seca, desvalorização do real, invasões de terra, escassez de crédito, etc. - sofre. (FTR)