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O leite novamente na mira

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 14 de julho de 2005 -14h56
A humanidade realmente é fantástica para produzir gênios. No entanto, vez ou outra, a genialidade é usada para a criatividade negativa, para a capacidade de se antecipar às pesquisas divulgando informações falaciosas e para a caprichosa arte de criar polêmica e, claro, valer-se disso para se promover. Sem contar os outros gênios que utilizam a inteligência para fazer mal a terceiros.

Um exemplo típico, desses desserviços, é o da nutricionista que em matéria da Folha Equilíbrio, do jornal Folha de São Paulo, edição de 14 de julho, considera que o leite bovino deveria ser consumido apenas por bezerros.

Para fundamentar a sua tese, a nutricionista usa o exemplo de alérgicos ao consumo de lácteos, para quem, evidentemente, o leite não fará bem. Porém não se pode generalizar. Existem alérgicos a tudo: banana, camarão, peixes, castanha do Pará e qualquer outro alimento. Vamos generalizar?

Outra nutricionista toma partido nessa linha defendendo a pérola de que “o consumo excessivo é, sim, prejudicial à saúde”. Ora, qualquer coisa que se consuma em excesso prejudica a saúde. Até Chuchu, que só tem água.

Lançam mão de pesquisas, incipientes, relacionando o consumo de leite ao câncer de próstata, cólon, intestino, mama e ovário. Questionado sobre essas pesquisas, certa vez, um médico falou que se tratam de anotações de “orelha”, observações sem crivo algum, fatos ainda a pesquisar.

Tanto é que diversas outras pesquisas indicam justamente o contrário. O leite teria efeito benéfico na prevenção justamente dos cânceres apontados anteriormente, além de outros.

Outras pesquisas também relacionam adequados consumos de leite a menores incidências do Mal de Alzheimer. Relacionam leite e pimenta na prevenção contra este mal. O que é melhor para se consumir, leite ou pimenta?

Enfim, tendências à parte, desacordos em pesquisa, etc. Pergunte à maioria dos profissionais, nutricionistas, se recomendam ou não o consumo de leite e derivados para pessoas que não sofram de alergia?

A própria reportagem da Folha Equilíbrio, assinada pela jornalista Ana Paula de Oliveira, coloca as posições com relação ao consumo de lácteos da seguinte maneira:

“... de um lado alguns especialistas condenam o alimento...” e “...de outro, a maioria dos médicos defende o consumo da bebida e alerta para os riscos de riscar a substância da alimentação”. Qual lado você tomaria partido?

O ser humano ordenha vacas e melhora o leite como alimento desde os primórdios. Há registros de ordenha já nas primeiras civilizações organizadas da humanidade.

Dizer que o leite é um alimento exclusivo para bezerros é de uma miopia fantástica; é a ideologia trabalhando contra a sociedade.

Exagero?

Não! Basta lembrar da matéria, veiculada a alguns anos atrás, pelo médico Dráuzio Varela, em que o mesmo falava sobre os erros, que inclusive ele próprio cometeu, ao condenar o consumo do ovo – um alimento riquíssimo, por seguir modismos divulgados por sensacionalistas. O ovo faz bem, o leite também!

Até rimou!

Profissionais que endossam essas tendências sem comprovação científica são, no mínimo, irresponsáveis.

Bom, se o leite é ruim, por que raios a FAO (Food and Agriculture Organization), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) responsável pela agricultura e alimentação, recomenda o consumo mínimo de 150 equivalente-litros de leite por pessoa por ano?
Só para constar, o ministério da saúde brasileiro recomendou, há alguns anos, o consumo mínimo anual de 200 litros, entre leite fluído e equivalente via derivados.

O brasileiro consome, em média, 125 litros por ano. (MPN)