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O perigo verde

por Fernando Sampaio
Sexta-feira, 31 de julho de 2009 -08h05
Em 1987, ao presidir uma comissão sobre meio-ambiente e desenvolvimento, o primeiro-ministro norueguês Gro Brundtland definiu desenvolvimento sustentável como aquele que "satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as próprias necessidades".

Este conceito foi lembrado pelo professor de Stanford David G. Victor em um debate promovido pela Economist sobre a "insustentabilidade do desenvolvimento sustentável".

Segundo Victor, muitas vezes na história humana estivemos à beira de crises semelhantes à de hoje (mudança climática), mas na maioria das vezes os problemas foram resolvidos com o uso de novos recursos e novas tecnologias.

O ambientalismo radical, no entanto, apropriou-se do conceito de sustentabilidade, direcionando-o rumo à paralisia e ao protecionismo. Não é nenhuma surpresa que a militância ambientalista radical ande de braços dados com movimentos antiglobalização e partidos esquerdistas.

É bom lembrar que o ambientalismo moderno nasceu com o livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, que denunciava a presença de moléculas de DDT até em gordura de focas do Ártico. O resultado de sua campanha foi a proibição do uso de DDT e um genocídio, este sim silencioso, de milhões de crianças vítimas de malária e fome no Terceiro Mundo, sem que qualquer efeito nocivo do DDT à saúde fosse provado.

Hoje, o novo DDT chama-se CO2, uma molécula que, longe de ser venenosa, é a base de toda a vida existente no planeta. Há uns dias, os líderes do G8 reunidos resolveram limitar o aquecimento global a 2°C até 2050. Como dizia Mané Garrincha, falta combinar com os suecos. Parece inacreditável uma promessa dessas quando não sabemos nem se irá chover na semana que vem.

Pelo conceito moderno de sustentabilidade, os países do terceiro mundo seriam obrigados a frear seu desenvolvimento para preservar seus recursos e evitar a emissão de CO2. As benesses da sociedade industrializada seriam substituídas por outras tecnologias mais "sustentáveis". Eu me lembro de ver em um documentário inglês um posto de saúde montado em algum lugar da África com o dinheiro de uma ONG. A condição para ser construído é que usasse energia solar. O resultado é que a geladeira que guardava medicamentos e as luzes da sala de cirurgia não podiam funcionar ao mesmo tempo, para evitar blecautes.

Já os países desenvolvidos seriam obrigados a mudar o comportamento de seus cidadãos, reduzindo o consumo de bens e o carbon foot-print, seja lá como isso for calculado.

É preciso tomar cuidado com o que o ambientalismo radical chama de sustentável.

Pode ser uma nova forma de totalitarismo, que de um lado controla a vida e as escolhas dos cidadãos de países ricos e por outro cria formas de controlar o uso de recursos por países pobres, recursos que dizem eles, seriam melhor administrados por algum organismo global como a ONU.

A história mostra que inovação e tecnologia trouxeram muito mais benesses do que malefícios ao homem e ao planeta, e as maiores beneficiadas nesse processo foram justamente as sociedades mais livres e abertas.

Desenvolvimento sustentável não significa não-desenvolvimento, mas criar um intercâmbio de riquezas e tecnologias capazes de garantir às gerações futuras, de todas as nações, o usufruto do progresso humano.