Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br

Coca-Cola: oportunidade ou ameaça para o setor leiteiro?

por Fabio Lucheta Isaac
Sexta-feira, 15 de dezembro de 2006 -12h09
Segundo notícia veiculada no jornal Valor Econômico, a Coca-Cola está investindo em pesquisa de novos ingredientes para aumentar a sua linha de produtos.

A estratégia objetiva atender a crescente exigência do consumidor a preferir alimentos mais saudáveis.

A empresa já lançou linha de sucos a base de cálcio para reduzir as chances de osteoporose. Atualmente, as pesquisas da Coca-Cola cobrem uma ampla variedade de tópicos nutricionais. Entre eles a hidratação, controle de peso e ingredientes funcionais.

Tem sentido, o refrigerante Coca-Cola é relacionado com a redução de absorção de cálcio no organismo e ao aumento do índice de obesidade dos consumidores. A empresa, para se adaptar às tendências modernas, está se posicionando em produtos de efeito contrário ao do refrigerante, que é o produto carro chefe.

Em visita ao Brasil, o presidente da multinacional, Don Short, disse que frutas como o açaí e o caju podem ser pesquisadas pelo centro no futuro e incorporadas a alguma bebida da empresa. A Coca-Cola busca identificar que tipos de ingredientes do Brasil poderiam ser estudados pelo instituto para melhorar suas bebidas.

A boa notícia para o setor leiteiro é que o leite já atende todas as especificações que as indústrias de refrigerantes almejam agregar aos seus produtos. O posicionamento da Coca-Cola, que assim como outras vem seguindo esta tendência já há algum tempo, favorece o apelo para o consumo de lácteos, afinal já é um produto saudável.

A própria Coca-Cola investe em produtos a base de lácteos. O Kapo Chocolate, recentemente lançado no mercado, contém 61% de leite, segundo informações da própria empresa. A multinacional acredita que o aumento de leite saborizado, como achocolatados, apresente um crescimento médio de volume de 9% ao ano, até 2010.

Nos dois últimos anos, o crescimento anual foi, respectivamente, de 9% e 9,7%. Em 2005, este segmento somou 130 milhões de litros.

Portanto, essa tendência abre também espaço para que as indústrias nacionais invistam mais em bebidas a base de lácteos para concorrer com sucos e refrigerantes.

A má notícia, no entanto, que pode se transformar numa ameaça, é que gigantes estão pesquisando pesado para colocar no mercado produtos com apelos saudáveis. Muitos são a base de leite de soja e outros ingredientes que não lácteos.

Com os recursos para marketing e a capacidade de mobilização, os novos produtos de empresas do porte da Coca-Cola podem imprimir ainda maior pressão ao consumo de leite fluído.

Os refrigerantes vêm ganhando espaço na preferência do consumidor nos últimos anos. (MPN)