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Muito pessimismo com a atividade pecuária e falta de quem arrisque um palpite feliz

por Fabio Lucheta Isaac
Terça-feira, 12 de julho de 2005 -14h33
Por Rogério Goulart

Tem muito pessimismo ao redor, chega a dar urticária. Não estou pessimista com a atividade, mas aparentemente estou nadando contra a corrente, pois na maioria das vezes os analistas de mercado são pagos para olhar o passado, e não o futuro. Claro, olhar para o passado é mais fácil, não compromete ninguém. Quando enxergam o futuro, olham para a próxima semana, no máximo para o próximo mês.

Como dirigir um carro olhando para o retrovisor? Como investir em um negócio olhando para trás? Claro, serve para me ajudar a vender os animais gordos ou próximos de estarem gordos, mas não serve para análise de investimento.

O que esses jornais e analistas fazem é pegar um termômetro e ficar dizendo a toda hora “agora estamos nos 25 graus!”, “A temperatura tem subido na última semana, estamos agora em 28 graus!”, “Depois de permanecer estabilizada em 28 graus, observamos um aumento de 1 grau para 29 graus, com possibilidade de mais aumento na semana que vem!”.

Para quê me serve a leitura da temperatura corrente? O que me importa não é isso, mas qual a situação do fogo, se está aumentando, se está diminuindo... O que me importa é saber que saímos do fogo baixo para o fogo alto, então quanto tempo demorará para a temperatura subir? Por outro lado, o fogo apagou! Quanto tempo demorará para que a temperatura comece a cair? A leitura da temperatura é conseqüência do aumento/diminuição do fogo, e não sua causa. A temperatura não me interessa para decisão de investimento, mas sim a observação do fogo.

No nosso caso oferta vs. demanda e o ciclo pecuário.

Períodos de baixa nos preços são seguidos por períodos de alta nos preços, qualquer estudante de economia pode dizer isso, porém confesso que é difícil para os não-iniciados em história de mercado enxergarem através dessa névoa de pessimismo corrente. Olhando pela lente do mercado futuro, o preço do bezerro está barato, o preço do garrote está barato, então porque não estocar?

Está cada vez mais difícil achar quem se anime em fazer isso, pelo menos com os pecuaristas que eu converso.

É claro que a pecuária está passando por um período ruim ultimamente, que pode se estender por mais alguns meses, anos talvez, mas daí a deixar de aproveitar as oportunidades existentes? Não acho uma boa idéia, principalmente com a possibilidade de se utilizar o mercado futuro para o preço da arroba.

Semana que vem estou de volta.



rogério goulart é administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.