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Infra- estrutura: o “mata-burro” do etanol brasileiro

por Fabio Lucheta Isaac
Quinta-feira, 21 de setembro de 2006 -12h46
Já sabemos que a nova febre no setor agrícola é o etanol e o biodiesel, e que a procura por terras em regiões onde se está estabelecendo a cana está aumentando. Mas será que não nos esquecemos de nada ?

Os investidores parecem estar em estado de êxtase, como se tivessem encontrado a galinha dos ovos de ouro.

Está previsto um aumento acentuado na produção de etanol nos próximos anos e parece que o brasileiro não aprende.

Buscando esse aumento na produção, novas unidades produtoras estão sendo instaladas em regiões distantes dos portos brasileiros e sem a infra-estrutura necessária para distribuição e armazenagem do combustível. Todos parecem tirar o corpo fora quando o assunto é este. E mesmo que a logística permitisse a chegada até os portos de forma eficaz, estes não atenderiam a demanda de estocagem e embarque.

Para se ter uma idéia, em extensão territorial, a Holanda é uma “titica” perto do Brasil, só que o porto de Roterdan sozinho é 5 vezes mais eficiente que toda a atividade portuária do nosso Brasilzão.

A preocupação com a falta de etanol no mercado interno, pelos consumidores e pelo governo, por causa dos bons negócios encontrados no mercado externo, passa a não fazer tanto sentido caso não se invista, num curto prazo, em infra-estrutura para o escoamento desse álcool. Grande parte da produção pode ficar no país tendo como única alternativa a venda para o mercado interno. E o consumidor brasileiro vai “nadar no álcool”.

Logicamente o investimento em logística não partirá da iniciativa do Estado. Deverá vir do setor privado que é o maior interessado em exportar. Caso o investidor não se posicione corretamente perante o caso, vai assistir ao colapso desse sistema e amargará a perda de crédito no mercado internacional, abrindo espaço para países como Índia, África do Sul, Austrália e Cuba, que está à cerca de 150km do maior mercado mundial, os EUA.

Cuba possui condições extremamente favoráveis para o cultivo e processamento da cana. E olha que o Lula já esteve lá, acompanhando a instalação de uma unidade produtora nas terras de Fidel, portanto existe tecnologia por lá. Agora é só esperar para ver qual cenário será estabelecido após a sucessão de poder na ilha.(JGS)