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Monsanto lança transgênico criado no Brasil

Quinta-feira, 8 de setembro de 2011 -09h15
Semente de soja Intacta protege contra lagartas e o herbicida glifosato e deve ser comercializada para a safra 2012/2013.

A Monsanto inicia em outubro as primeiras plantações da segunda geração de soja transgênica em 500 propriedades no Brasil. Trata-se do teste final para a colocação do produto no mercado.

A nova semente, a Intacta, possui dois genes modificados, sendo que um protege contra as principais lagartas que atacam a soja, e o outro garante resistência ao herbicida glifosato.

A tecnologia está em fase final de aprovação e já foi apresentada nas feiras agrícolas no país.

O produto será submetido a um último teste. Trata-se do plantio em diferentes regiões, visando medir a produtividade. Para isso, a empresa vai contar com 500 produtores, que devem iniciar o plantio já na próxima safra que inicia em outubro.

Os colaboradores iniciarão a plantação em áreas pequenas, com menos de um
hectare, e as sementes serão recolhidas para analisar a produtividade - por enquanto nada será comercializado.

Os testes ajudarão a determinar qual será o preço da tecnologia quando for lançada no mercado.

A pesquisa foi desenvolvida no Brasil, e aprovada por autoridades brasileiras e americanas. No entanto, todos os novos transgênicos devem ser aprovados em cada governo individualmente, antes de serem vendidos, para que o Brasil não sofra sanções comerciais.

Ainda são necessários avais da China, Japão a aprovação da União Europeia. Na Europa, parte da tecnologia já foi aprovada pelas autoridades.

"O Brasil hoje é o nosso segundo maior mercado, e está crescendo mais rápido do que os Estados Unidos", afirma Jesús Madrazo, diretor de negócios internacionais da Monsanto.

A empresa prevê que as vendas no país cresçam a um ritmo de 20% este ano, enquanto a média mundial será entre 14% e 17%. "Esperamos faturar mais de US$1 bilhão no Brasil em 2011", diz. A Monsanto não divulga quanto projeta faturar com a nova tecnologia.

Hoje a única variedade de soja transgênica comercializada no Brasil é a Roundup Ready, da Monsanto, soja com resistência ao herbicida glifosato. Com ela, a aplicação de herbicida pode ser realizada com as plantas em pleno desenvolvimento.

Para competir, a Basf e a Embrapa devem colocar no mercado a partir do ano que vem a Cultivance, que protege contra o herbicida glufosinato.

Próxima safra

A Intacta controla as lagartas, com um gene, extraído de uma bactéria e inserido na soja, mata o inseto que se alimenta da planta.
Como o plantio da safra 2011/2012 deve ter início em outubro, a nova semente da Monsanto ainda não estará disponível comercialmente. Mas para a safra seguinte a companhia espera ter todas as aprovações necessárias.

"Governos não são previsíveis, não sabemos se algo imprevisto poderá ocorrer", adiantou Ernie Sanders, diretor global para soja da empresa.

A nova tecnologia conta com uma desvantagem. O produto requer o plantio de uma área de 20% de soja convencional, separadamente dos campos de soja modificada.

É o chamado "refúgio", e o motivo é evitar a proliferação de insetos resistentes.
Se houver o plantio do transgênico puro, as larvas mais resistentes proliferam, gerando uma seleção natural de superinsetos não afetados pela proteína transgênica. Como o refúgio atrai todos os insetos da lavoura e não recebe a proteção do inseticida, a produção dessa área é descartada pelo agricultor.

O refúgio exigido para essa nova tecnologia, de 20%, é relativamente alto. Para o milho transgênico comercializado pela companhia as sementes são equipadas com dois genes de proteção diferentes, e o refúgio diminui para 5%.

"Queríamos que fosse menor, mas não vamos dar nenhuma chance para surgir resistência", diz Sanders. Para a empresa, o surgimento de superinsetos é uma das principais ameaças, pois tem o potencial de tornar a tecnologia obsoleta.

Ainda assim, a empresa espera que a maior produtividade e a economia com pesticidas deve compensar o refúgio. "Se essas variedades não fossem melhores do que a convencional, não lançaríamos o produto", diz Sanders.

Fonte: Brasil Econômico. Por Felipe Peroni. 6 de setembro de 2011.