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Do Uruguai para o Brasil

por Maria Gabriela Tonini
Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 -15h32
O mercado brasileiro de lácteos sofre grande influência das variações dos preços nos países vizinhos, especialmente da Argentina e do Uruguai.

Como são mercados próximos, dependendo da ocasião, fica mais interessante sob o ponto de vista de preços importar produtos do Uruguai e da Argentina, a produzir no Brasil. E isso pressiona negativamente os preços no mercado doméstico.

URUGUAI

Os preços dos lácteos no Uruguai baixaram significativamente em 2009. Segundo a Oficina de Programação e Política Agropecuária do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, os preços do leite pago ao produtor caíram 39% entre maio de 2008 e maio de 2009.

O recuo dos preços em dólares foi de 49% e acompanhou a evolução dos preços no mercado internacional. A tendência para os preços do leite no Uruguai é de estabilidade ou até recuo, pois espera-se um aumento de 3% na produção em 2009, na comparação com o ano anterior.

Os preços das principais commodities lácteas exportadas pelo Uruguai também caíram nos últimos meses. Entre junho de 2008 e junho de 2009 o recuo foi de 31% a 51%, dependendo do produto.

Os preços mais baixos acabaram atraindo os compradores brasileiros e as importações de lácteos do Uruguai cresceram significativamente em 2009. Veja na figura 1 as importações brasileiras de lácteos e a compra de produtos do Uruguai, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).



Entre os primeiros sete meses de 2008 e o mesmo período de 2009, houve um aumento de quase 700% no volume de produtos uruguaios importados pelo Brasil.

Entre janeiro e julho de 2009, o Brasil importou do Uruguai 816 mil litros de leite UHT, 111,2 milhões de litros equivalente leite em leite em pó, 64,2 milhões de litros de equivalente leite em manteiga e 25,7 milhões equivalente leite em queijos.

No total, o volume de lácteos importados do Uruguai entre janeiro e julho de 2009 corresponde a aproximadamente à captação de um mês de leite no Rio Grande do Sul, o segundo maior produtor de leite do Brasil e cujo mercado sofre influência direta dos produtos uruguaios pela proximidade geográfica e rota de importação.

IMPACTO E MEDIDAS

A bancada ruralista está reivindicando medidas para reduzir as importações de leite do Uruguai ou Argentina, que muitas vezes chegam com valores inferiores ao custo local, segundo o Conseleite (Conselho Paritário de Produtores e Indústria de Leite).

Nos últimos meses, já houve uma limitação da importação de leite em pó da Argentina para 3 mil toneladas ao mês, na tentativa de regular o mercado e amenizar os reflexos das importações de lácteos.