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O Brasil no foco do mundo

por Maria Gabriela Tonini
Sexta-feira, 31 de julho de 2009 -10h24
Informações da empresa Morgan Stanley indicam que haverá um déficit de leite no mundo da ordem de 34 bilhões de litros em 2014.

Esse déficit será uma conseqüência de fatores intrínsecos da produção e da demanda por lácteos até lá.

A expectativa é que haja uma redução do nível de subsídios na produção de leite na União Européia nos próximos anos que, junto com a tendência de aumento do consumo de lácteos de maior valor agregado nos países do Leste Europeu, devem aumentar a demanda por leite.

Além disso, o aumento da área agrícola destinada à produção de biocombustíveis pode causar valorização dos preços da terra, pressionando as cotações do leite para cima.

As mudanças climáticas devem interferir na produção de leite de importantes participantes do mercado mundial, como a Nova Zelândia e a Austrália.

O crescimento contínuo do consumo per capitã na África, América Latina e Ásia, além da tendência de aumento do consumo de produtos de maior valor agregado, como queijos e iogurtes, deve aumentar a demanda por leite.

Por último, o aumento dos preços dos fertilizantes nos próximos anos, com pressão nos custos com alimentação animal, devem forçar alta nas cotações do leite.

Com essa perspectiva de déficit na produção de leite e provável aumento das cotações, o momento de consolidação do setor de lácteos no Brasil deve ser estendido por mais dois ou três anos, sendo que a expectativa é que surjam novos participantes no mercado brasileiro. Essa consolidação tem sido liderada por grandes companhias de alimentos (não necessariamente do setor de lácteos).

O investimento no setor de lácteos é uma maneira encontrada pelas empresas para diversificar a produção de alimentos e ainda aproveitar um mercado em expansão e com possibilidades atraentes de ganhos.

BRASIL: O LOCAL


Essa tendência de consolidação do mercado de lácteos encontrou o Brasil como um ambiente propício para investimentos.

O Brasil possui vantagens naturais sobre outros países, tendo 13% da água disponível no mundo e milhões de hectares agricultáveis ainda não explorados. Sem contar o regime pluviométrico favorável e a incidência de luz solar o ano todo.

Além disso, o baixo custo de produção de grãos, impactando no custo de produção de leite favorece a escolha pelo Brasil na hora de investir no mercado de lácteos.

O Brasil ainda possui custos proporcionalmente mais baixos de mão-de-obra e um potencial enorme para o aumento da produtividade de leite. Veja na figura 1 uma correlação feita pela Morgan Stanley entre o custo de produção de leite (em US$ por litro) e a produtividade de leite (litros de leite por vaca por dia) nos maiores participantes do mercado internacional de lácteos