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Lácteos com propriedades funcionais ou enriquecidos: um novo nicho de mercado

por Rafael Ribeiro
Quinta-feira, 17 de novembro de 2011 -08h56
O que são os alimentos funcionais e o que são alimentos enriquecidos? Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o alimento ou ingrediente funcional é o que, além de funções nutricionais básicas, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica.

Ainda segundo a ANVISA, considera-se alimento enriquecido, todo alimento ao qual for adicionado algum nutriente, com o objetivo de reforçar o seu valor nutritivo, seja repondo quantitativamente os nutrientes destruídos durante o processamento do alimento, seja suplementando-os com nutrientes em nível superior ao seu conteúdo normal.

Lácteos funcionais no Brasil

Os alimentos funcionais surgiram no Japão na década de 80.

No Brasil, estão consolidados desde 2004, com o lançamento da linha de produtos Activia, da Danone.

Nos países desenvolvidos os lácteos funcionais respondem por aproximadamente 65% do mercado, enquanto no Brasil representam entre 20% e 30% do total de lácteos comercializados, incluindo os leites fluidos.

Em função da crescente procura por lácteos funcionais e/ou lácteos enriquecidos e do crescimento deste segmento no Brasil, foi realizada uma breve pesquisa para se ter uma ideia deste mercado e sua representatividade no país.

A pesquisa teve como base o estado de São Paulo.

Fatia de mercado dos lácteos funcionais e enriquecidos

Na pesquisa realizada observou-se que o principal produto com propriedades funcionais nos supermercados é o iogurte, com 34,7% do mercado.

Em segundo lugar aparece o leite fluido (UHT) com 29,2% e em terceiro lugar o leite em pó, com 26,4%.

Nestes dois casos, trata-se de produtos enriquecidos.

O iogurte, os leites fluidos e o leite em pó juntos totalizam 90,3% do mercado de lácteos (funcionais e/ou enriquecidos). Nos 9,7% restantes aparecem a bebida láctea achocolatada, os queijos e o leite fermentado.

Veja na figura 1 o resultado da pesquisa no quesito representatividade, por tipo de produto, no segmento de lácteos funcionais e lácteos enriquecidos.



Analisando os lácteos pela sua propriedade ou composição nutricional, os produtos fortificados com cálcio aparecem em primeiro lugar, com 25,9% do mercado.

Em segundo lugar aparecem os produtos com baixo teor de lactose, com 19,8% do total. Em terceiro lugar os produtos com adição de fibras, com 17,3%.

Outras propriedades funcionais encontradas foram: probióticos (com função de regulador intestinal), produtos fortificados com ferro, produtos com adição de vitaminas (principalmente as vitaminas A e D), produtos com adição de colágeno e também com adição de fitoesteróis*.

* substância encontrada apenas nas plantas, a qual está cientificamente comprovada ter um papel importante na redução de absorção de colesterol em humanos.



Os produtos comumente encontrados foram: iogurte com fibras ou com probióticos reguladores; leite fluido UHT com baixo teor de lactose; e leite em pó com adição de vitaminas e cálcio.

Cabe destacar que alguns produtos possuem mais de uma propriedade funcional. Os mais encontrados foram as associações de fibras e cálcio e de vitaminas e ferro.

Preços mais elevados

Na tabela 1 podemos observar que os alimentos com propriedades funcionais custam mais caro na comparação com os alimentos convencionais. Quando se observa a média de preços por produto, nota-se que o leite em pó com propriedades funcionais é o que possui maior valor agregado.



Os preços destes produtos são, em média, 72,0% mais altos em relação ao produto convencional (tabela 2).



Em segundo lugar aparece o leite fluido, com 46,2% de alta na média de preços.

Final

Apesar dos preços dos alimentos com propriedades funcionais serem mais elevados que os alimentos convencionais esse é um mercado que está em franca expansão no Brasil e tem reflexo na demanda por leite no país.

A procura por esse tipo de produto é crescente em função da maior preocupação com a saúde. O consumidor está disposto a pagar mais por este tipo de produto.

Por fim, o incremento da renda do brasileiro colabora para que as camadas de menor renda também tenham acesso a estes produtos.

Colaborou Jéssyca Guerra - graduanda em zootecnia e analista junior da scot consultoria.