Colaborou
Jéssyca Guerra, graduanda em zootecnia e estagiária da Scot Consultoria.
De janeiro a julho de 2011, os gastos com as importações brasileiras de leite e derivados superaram o verificado em todo o ano de 2010.
Em dólares, foram US$371,9 milhões, contra US$326,9 milhões de janeiro a dezembro de 2010.
Em volume, as importações ainda são 25% menores que no acumulado de 2010, mas levando em conta que restam os dados de cinco meses para fechar o ano, o valor deve superar facilmente a quantidade importada no ano passado.
Grosso modo, considerando a média mensal de 2011, o país deve importar algo em torno de 140,0 mil toneladas em produtos lácteos este ano.
Para se ter ideia, em 2001, quando a produção nacional era pelo menos dez bilhões de litros de leite menor que a de hoje, as importações brasileiras de lácteos ficaram próximas deste patamar.
Leite em pó
O leite em pó é o principal lácteo importado pelo Brasil, representando mais da metade das compras em 2010 e 2011. Veja a figura 2.
De janeiro a julho de 2011 o Brasil comprou 50,4 mil toneladas de leite em pó.
Em todo o ano passado as importações somaram 52,1 mil toneladas (figura 3). O produto teve como origem, principalmente, a Argentina e o Uruguai.
Convertendo para equivalente litros de leite temos um volume aproximado de 405 mil toneladas entrando no Brasil em 2011. Isto considerando apenas o leite em pó.
Somando os demais produtos lácteos importados, são 600 mil toneladas equivalente litros de leite no acumulado deste ano.
Este volume equivale a quase 20% da produção anual do Rio Grande do Sul, segundo maior produtor nacional, com aproximadamente 3,5 bilhões de litros produzidos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerações finais
A ideia aqui é mostrar o peso que as importações de lácteos têm sobre o mercado interno e a importância de se buscar formas de diminuir o prejuízo.
Em reunião recente no Rio Grande do Sul, a negociação com representantes do setor produtivo de lácteos da Argentina, que estabeleceria cotas mensais de importação de leite em pó do país vizinho, não foi concluída.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os argentinos receiam estar perdendo mercado para os produtos uruguaios e chilenos, já que o Brasil não possui acordo para as importações de leite em pó destes dois países. As tratativas devem continuar.
A questão que fica é até que ponto as importações são de fato uma questão de mercado (preços mais baixos nos países vizinhos) ou se a oferta interna não é suficiente para atender a crescente demanda brasileira por lácteos.