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Leite: expectativa para o segundo semestre

por Cristiane Turco
Sexta-feira, 18 de agosto de 2006 -19h45
O preço do leite pago ao produtor em julho, referente à produção de junho, pouco mudou. Na média nacional, foi pago R$0,484/litro (preço bruto, na plataforma), apenas 0,7% acima do valor anterior. O mercado está praticamente estável.

Em relação ao mesmo período do ano passado, o produtor recebeu, em julho, 11,8% menos em valores nominais. É uma diferença significativa, embora seja a menor variação quando se compara 2006 com 2005, mês a mês. Em média, no acumulado deste ano, o produtor recebeu 16,8% menos em relação ao mesmo período do ano passado.

Cerca 78% dos entrevistados pela Scot Consultoria em julho falavam em estabilidade nos preços de agosto. Os restantes, 22%, se dividiam em partes iguais nos grupos de alta e queda para o preço do leite.

Mas é bom destacar que o Brasil é um País continental e por isso, o comportamento do mercado varia de acordo com a região. Segundo resultado preliminar da pesquisa da Scot Consultoria, em agosto o preço do leite na região Nordeste deve continuar reagindo. A captação ainda está em queda e, de acordo com os entrevistados, mesmo com a seca os animais ainda não estão sendo alimentados com ração de maneira intensiva, o que levaria a um aumento na produção e, conseqüentemente, uma estabilidade nos preços, ou até início da queda.

Em julho também havia muitas empresas acreditando em queda nas cotações a partir de setembro. Porém, em função da seca que atinge boa parte do Brasil associada ao saldo positivo da balança comercial de leite – ou seja, estamos exportando mais leite do que importando – muitos entrevistados mudaram a opinião e acreditam em manutenção nos preços do pagamento de agosto. Isso porque não está sobrando leite no mercado. Nem faltando.

Balança comercial de lácteos

Falando um pouquinho da balança comercial, em julho, o saldo do Brasil foi positivo. Foi exportado o equivalente a US$12,652 milhões e adquirido US$11,266 milhões, segundo números do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Em junho, o País havia registrado um déficit de US$3,819 milhões. No acumulado de 2006 o saldo é positivo, de US$5,535 milhões. O faturamento com o leite em pó e leite condensado representa cerca de 77% desse total.

A receita obtida em julho foi 18,4% maior comparada ao mesmo período de 2005, quando somou US$10,688 milhões.

Em volume, as exportações de janeiro a julho somaram 52,995 mil toneladas, sendo que 82% foi de leite em pó. No mesmo período as importações foram de 44,955 mil toneladas de lácteos.

Em 2005 o Brasil registrou um saldo positivo de US$8,900 milhões, embarcando cerca de 78 mil toneladas de lácteos e comprando quase 73 mil toneladas.

Para os próximos meses, o cenário é de expectativa no setor. Tanto no que diz respeito aos preços quanto do comportamento da balança.

Um fato merece atenção: a variação entre a receita obtida com as exportações nos primeiros sete meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior vem diminuindo. Explica-se: de janeiro a julho de 2004, o país faturou mais de 110% em relação ao mesmo período de 2003. Em 2005, analisando os sete primeiros meses do ano, o faturamento foi “apenas” 46% maior, comparado a 2004 (janeiro a julho). E agora em 2006, essa variação caiu para 40%, em relação a 2005.

Apesar do aumento na receita com os embarques a cada ano, torna-se preocupante o fato dessa variação estar diminuindo. Não que esse resultado preliminar de 2006 seja ruim para o setor. Mas é preciso estar atento a esses números. As exportações são de grande importância para manter o mercado interno com preços favoráveis para todos os elos (produtor, indústria e varejo). Isso porque não cria sobreoferta de leite e lácteos no mercado doméstico. O segredo é não ter sobra de leite no mercado, principalmente em um país onde ainda não se pode contar com a “ajuda” dos consumidores.