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Mercado internacional: alta até quando?

por Leonardo Alencar
Sexta-feira, 13 de julho de 2007 -13h02
O mercado internacional do leite está aquecido, resultado de uma junção de fatores. Há a retração na disponibilidade de produtos lácteos, simultaneamente à demanda em expansão, em especial dos países emergentes.

A alta nas cotações foi tão expressiva que começa a surgir especulações quanto à sustentação desses novos patamares ou se é apenas uma “bolha”, que deve estourar a qualquer momento.

DEMANDA AQUECIDA

Os fatores que impulsionaram a demanda tendem a perdurar por tempo indeterminado, como a expansão da economia de países emergentes. Com o petróleo ao redor de US$70,00 por barril, a economia dos países produtores do combustível na África, América Latina e Oriente Médio está aquecida.

OFERTA RETRAÍDA

Apesar da demanda aquecida, a alta nos preços de produtos lácteos no mercado internacional está mais relacionada à oferta retraída.

O clima adverso nos principais exportadores, como Austrália e Nova Zelândia (responsáveis por cerca de metade das exportações de lácteos), está entre os principais fatores. Nestes países, a falta de chuvas tem atrapalhado os produtores,

A Argentina, por sua vez, enfrenta dificuldades e sofre com a alta taxação das exportações, reduzindo sua participação no comércio mundial. A Índia, também importante exportadora, passa por um período de restrição às exportações e está praticamente ausente do mercado.

Como resultado, houve uma disparada dos preços internacionais. O leite em pó reagiu 56% (desnatado) e 61% (integral) entre novembro de 2006 e abril de 2007, de acordo com a FAO (órgão das Nações Unidas relacionado a questões de agricultura e alimentação). O queijo e a manteiga também reagiram, respectivamente, 18% e 34% no mesmo período.

BOLHA?

Os preços “altos” dos lácteos no mercado internacional, ao que tudo indica, não devem recuar no curto prazo. Entretanto, a previsão é de que eles não devem continuar a subir da maneira como ocorreu desde o início do ano.

Um dos motivos é que, com o preço médio internacional cada vez mais alto, a diferença entre o valor médio dos lácteos exportados pela União Européia e pelos Estados Unidos, em relação ao preço médio mundial, deve se estreitar. Como são países que tradicionalmente subsidiam as exportações, os preços melhores aumentariam a atratividade do mercado internacional. O resultado seria o aumento nos volumes exportados por eles.

Outro motivo é a alta do preço do leite em pó muito acima dos outros lácteos. Essa alta pode estimular a produção de leite em pó em detrimento de outras linhas. Com isso, haveria uma correção do mercado.

Portanto, o mercado internacional de produtos lácteos deve permanecer firme até o final do ano, mas as chances de novas altas significativas se reduzem lentamente.