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O que foi feito com o dinheiro?

por Mauricio Palma Nogueira
Sexta-feira, 19 de outubro de 2007 -15h05
Neste ano os preços do leite aumentaram significativamente, comparados aos anos anteriores.

Alguns produtores receberam mais de R$1,00/litro, livre das despesas com transporte e dos impostos, preços inimagináveis até bem pouco tempo atrás. Observe, na figura 1, a evolução dos preços médios anuais do leite, corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna).



Essa reação induziu a análises equivocadas, imputando ao leite, culpa além da conta no que diz respeito ao índice inflacionário. Comparam o mercado de 2007 com o de 2006, ano em que se registraram os piores preços da história. Trata-se de um erro, visto que o preço médio do leite no Brasil, nos últimos anos, é de R$0,56/litro, quando corrigido pelo IGP-DI.

Os preços deste ano, até agosto, aumentaram 37% em relação à média histórica.

A reversão de tendência, isto é, a queda nos preços, era uma questão de tempo, pois o setor conhece a velocidade da resposta do produtor quando os preços do leite estão bons.

E de fato é o que está ocorrendo neste mês, em outubro. O preço do leite pago pela produção de setembro está em queda.

Os produtores que recebem as melhores bonificações trabalham com preços médios entre 14% e 16% acima da média regional.
O período de abril a setembro foi favorável ao produtor profissional. Houve aumento de receita.

Os produtores de leite passaram por crises cíclicas durante mais de 15 anos, desde o início dos anos 90. Por isso, há muito o que fazer e investir. Com capital, é evidente que o pecuarista irá recuperar o atraso e investir na atividade. É preciso melhorar e crescer.

A questão é se os investimentos serão racionalizados. Ao investir, o produtor deve priorizar os itens que reduzam custos fixos. A melhor maneira de analisar a qualidade do investimento é verificar se os índices produtivos melhorarão.

Por exemplo, aumentar o volume de produção em litros de leite por pessoa empregada; litros de leite por hectare; melhoria da qualidade do leite; economia nas operações mecanizadas; redução nos custos de manutenção; melhor desempenho da alimentação das vacas e animais jovens; maior produtividade de volumosos, etc.

Se os investimentos foram priorizados, pode-se dizer que o pecuarista aproveitou o bom momento, melhorou a sua empresa e se preparou para as próximas baixas de preços. Ganhou competitividade.

Caso o produtor não planeje e nem priorize os investimentos, certamente perderá oportunidade. Se as melhorias feitas não trouxerem melhorias em índices técnicos e zootécnicos, infelizmente, desperdiçou-se tempo e dinheiro.

Priorizar investimentos na pecuária é simples. Os investimentos devem ser direcionados para a redução de custos, através de ações que resultem em aumento de produtividade.

A dificuldade em priorizar corretamente os investimentos se dá pela própria característica da propriedade. Anos de preços ruins e aumento das exigências dos compradores acabaram por “enfear” as fazendas. Talvez por isso ao investir, o produtor opte por melhorar alguns bens de produção, que embora sejam importantes, não trazem benefícios imediatos em termos de resultado econômico.

A dica é investir em ações que permitam retorno rápido do dinheiro aplicado. A partir daí, os próximos investimentos passam a ser planejados.

Para tanto, é preciso ter um plano, conhecimento técnico e informação.

Sem que haja um plano, qualquer rumo é aparentemente o rumo certo, mesmo que leve ao fracasso.