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Lácteos na Argentina

por Leonardo Alencar
Terça-feira, 28 de agosto de 2007 -08h57
Recentemente o governo argentino anunciou um novo programa oferecendo US$65 milhões em empréstimos subsidiados e com juros baixos aos produtores de leite do País.

A Argentina quer estimular o investimento na atividade leiteira, uma vez que atualmente existe produção menor que a demanda e os preços estão em alta. O mercado internacional aquecido ajudou também na diminuição da oferta de lácteos no mercado interno argentino.

No ano passado, o governo já havia divulgado medidas para conter a alta dos preços. Houve aumento nas taxas sobre as exportações de leite em pó e queijos. As taxas passaram de 5% para 15%. Ainda assim, a alteração das tarifas não foi suficiente.

Segundo o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) os preços do leite em pó integral na Argentina subiram quase 40% nos primeiros seis meses de 2007.

EXPORTAÇÃO ARGENTINA

A Argentina não é o maior, mas está entre os grandes produtores de leite do mundo.

Segundo os dados do órgão das Nações Unidas para questões de agricultura e alimentação (FAO), a Argentina produziu, em 2006, cerca de 10,80 milhões de toneladas de leite.

De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimento da Argentina, o País produziu 1,69 milhão de litros de leite fluido e cerca de 1,52 milhão de toneladas de produtos lácteos (leite em pó, queijos, iogurte, doce de leite, leite condensado, manteigas e sobremesas).

Segundo a FAO, o País participou em cerca de 3,75% do mercado mundial de lácteos em 2006. Apesar da Argentina ter pequena participação no mercado internacional de lácteos, suas exportações estão crescendo. Observe a produção e exportação argentina de lácteos em 2006 na tabela 1.



Em relação a 2005, as exportações argentinas de lácteos cresceram 27,62%. Já em relação a 2004, o crescimento foi ainda maior, cerca de 173%.

A retomada da atividade leiteira em função da recuperação da economia do País foi uma das razões para tamanho crescimento. O mercado internacional em alta também favoreceu o aumento das exportações.

As tarifas sobre as exportações de leite em pó e queijos foram alteradas porque são estes lácteos que a Argentina exporta mais, quando comparado à produção.

Entre 2000 e 2005, a Argentina exportou, em média, cerca de 57% de todo o leite em pó produzido no País. Em 2006, essa participação subiu para mais de 82%. A atratividade do mercado internacional fez com que diversas empresas do País produzissem leite em pó para exportação, em detrimento da produção de lácteos para o mercado interno. Não foi fator isolado, mas isso intensificou a redução da oferta de lácteos no mercado interno.

Além do leite em pó, as exportações dos queijos também são significativas. Entre 2000 e 2005, em média, cerca de 7,50% dos queijos produzidos em território argentino foram exportados. Em 2006, essa participação subiu para 12,50%.

MEDIDAS

As medidas do governo argentino consistem em diminuir as vendas externas para segurar as cotações, visando atender e manter a demanda por lácteos no mercado interno.

Entretanto o setor de lácteos não é o único que passa por restrições nas vendas internacionais. O governo argentino também tomou medidas para a carne bovina. Tudo para conter a inflação de um País que está com a economia em recuperação.