Scot Consultoria
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As perspectivas de quem cresceu na pecuária

por Aldo Rezende Telles
Terça-Feira, 11 de Abril de 2023 - 06h00



Scot Consultoria: Aldo, você é conhecido como "filho de Barretos". Nos conte um pouco de como foi sua história, ao sair do interior de São Paulo para ir ao Mato Grosso.



Aldo Rezende Telles: Sou natural de Barretos e cheguei ao Mato Grosso há 29 anos. Hoje, possuo várias fazendas, somando, aproximadamente, mais de 26 mil hectares. Venho de origem humilde, e acredito que o segredo do sucesso é muito trabalho, honestidade e empreendedorismo, aproveitando sempre as oportunidades. Quero mostrar aos amigos produtores a importância de perder o medo, pois é necessário sempre fazer investimentos em modernização e profissionalização do negócio, estar atento às novidades e oportunidades.



Scot Consultoria: Como você se tornou pecuarista? Foi influência de família ou sempre teve "gosto" por isso?



Aldo Rezende Telles: A pecuária sempre foi uma paixão de família, que veio dos meus avôs, tanto materno como paterno. Meu pai deu continuidade e eu, como filho mais velho, herdei esse legado.



Scot Consultoria: Nos conte um pouco de como foi presenciar a consolidação da raça Nelore como principal raça do rebanho bovino brasileiro.



Aldo Rezende Telles: Entre 1962 e 1966, o Brasil começou a importar gado “nelore” vindo da Índia, mesmo sem termos experiência com essa raça. Como ela desenvolveu boa habilidade materna e como produtora de carne, se tornou a raça maior em qualidade no país. Atualmente, Mato Grosso possui um rebanho de, aproximadamente, 30 milhões de cabeças, o maior do Brasil, dos quais 80% são Nelore e “anelorado”.



Scot Consultoria: Quais as principais tecnologias que você utiliza em suas fazendas?



Aldo Rezende Telles: Sempre respeitei muito o trabalho do meu pai, mas nas minhas fazendas busquei o que havia de mais moderno para testar e obter máximo desempenho. Não adianta continuar querendo fazer “como o avô fazia” se aquilo não faz mais sentido e não agrega ao negócio, ou seja, o pecuarista precisa estar atento às novas tecnologias do momento, como automação do confinamento e semiconfinamento. A tecnologia se estende à pecuária a campo, utilizando drones e pivôs para manter o capim do pasto verde, durante todo o ano, e produção de feno para tratar do gado no período da seca e evitar a perda de peso. Uma nova tecnologia que passamos a usar, recentemente, é o sequestro de animais (fechar o animal em pequeno espação, tratando com feno e 1kg de ração/cabeça). Também utilizamos a integração lavoura pecuária (ILP) com a construção de um armazém de silos com capacidade para 240 mil sacas de soja ou milho. Arrendamos 25 mil hectares de soja e plantamos 300 hectares de soja todos os anos e, em seguida, colhemos soja e plantamos capim para renovação da pastagem. Há quatro anos, contratamos assessoria da Prodap e entregamos a nossa principal propriedade, em Brasnorte, aos dois filhos, Aldo Rezende Telles Jr e Fernando Rezende Telles, que vêm desempenhando muito bem seus papéis.



Scot Consultoria: Dê uma dica para os pecuaristas que estão iniciando ou passando por alguma dificuldade, ou sem perspectiva no momento.



Aldo Rezende Telles: A primeira coisa que vou dizer ao pecuarista ou a qualquer outra atividade: você tem que fazer aquilo que você gosta, acreditar, ter determinação e foco, porque se você não acreditar em si mesmo, como irá obter resultados positivos em sua vida e em seu negócio? Hoje estamos vivendo um momento difícil na pecuária, pois a arroba, há um ano e meio, esteve a R$ 330,00 e, atualmente, estamos vendendo a R$250,00/@. E os custos não abaixaram. Então, realmente, nesse período, o nosso negócio não foi positivo ou até mesmo reportou prejuízo. Mas temos que acreditar, criar estratégias e focar naquilo que a gente faz, porque, a volta vem, tenho certeza de que daqui uns 2 a 4 meses, teremos novamente, a volta da arroba, adequando o custo.