Frente a diversas soluções tecnológicas milagrosas pode ser difícil saber no que investir dentro da fazenda. A fim de esclarecer algumas dúvidas sobre o incremento tecnológico realizado dentro da porteira a Scot Consultoria entrevistou Sergio Raposo de Medeiros.
Sergio é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, da Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado pela mesma universidade. É pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e especialista em nutrição animal com enfoque nos seguintes temas: exigência e eficiência na produção animal, qualidade de produtos animais e soluções tecnológicas para produção sustentável.
Scot Consultoria: Sérgio, sabemos que na pecuária cada vez menos são aceitas propriedades com baixa produtividade. O uso de tecnologia consequentemente gera melhora na produtividade? Qual o ponto de partida para aqueles que querem começar a usar a tecnologia?
Sérgio Raposo de Medeiros: O uso de tecnologia adequada melhora o resultado, seja de produtividade ou de aumento de lucro. O ponto de partida para aqueles que querem começar a usar a tecnologia é, primeiro, ter um bom diagnóstico do estado atual da propriedade e quais seus gargalos produtivos, onde há mais necessidade de intervenção.
Depois, saber quais tecnologias podem ser usadas para superar esses gargalos, tanto do ponto de vista de viabilidade técnica, quanto econômica. Com isso, e fazendo uma boa análise, é possível fazer o investimento com baixo risco de não ter retorno. Se você for ver bem, o insumo principal de todo processo é a informação. Informações boas permitem análises realistas e decisões de baixo risco.
Scot Consultoria: Até que ponto o investimento em tecnologia é viável? Existe um limite?
Sérgio Raposo de Medeiros: Pensando uma fazenda, em curto e médio prazos costuma existir limite sim, e pode ser por diversas razões. Alguns exemplos: (1) financeiro, quando há no que investir para melhorar, mas o investimento ultrapassa a capacidade financeira, (2) incapacidade de absorção, quando as exigências para implantar encontram algum gargalo como, por exemplo falta de mão de obra capacitada, (3) falta de atratividade: o aumento é tão pequeno que não compensa o risco.
Todavia, se pensarmos no longo prazo e na evolução da pecuária do passado, e imaginarmos o quanto ainda pode ser feito, podemos dizer que um limite absoluto está ainda além de onde conseguimos enxergar.
Scot Consultoria: O que deve ser considerado para a implementação de tecnologia na fazenda? E como saber separar a tecnologia que é pertinente ao seu negócio?
Sérgio Raposo de Medeiros: As perguntas a serem feitas são:
- Vai resolver algum problema ou trazer ganho financeiro?
- Tenho capacidade de fazer esse investimento?
- Tenho condições de implantá-la na fazenda?
Se as três respostas forem sim, deve ser feita, o quanto antes.
Scot Consultoria: Como o pecuarista deve se proteger contra “enganações” do mercado? E como saber identificá-las?
Sérgio Raposo de Medeiros: Novamente, ter boas informações é o que normalmente livra os pecuaristas das enganações. Aqui vale bem aquele ditado: "Quando a esmola é muita, o Santo desconfia", pois uma característica marcante dos enganadores é prometer ganhos fabulosos, uma vez que eles não têm nenhum compromisso com o resultado.
Mas, veja que, mesmo nesse caso, o Santo tem que ter a informação de qual o valor de esmola deve começar a desconfiar. Enfim, mais uma vez, "informação" é a palavra-chave.
Scot Consultoria: Sérgio, o senhor participará no Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, o que a sua palestra abordará? Na sua visão qual a importância de um evento como esse para a pecuária?
Sérgio Raposo de Medeiros: Abordarei exatamente as estratégias e conceitos disponíveis que ajudam a trazer racionalidade ao processo, ajudando para que o pecuarista possa fazer melhores escolhas. Temos esperança que o conteúdo ajude, de fato, o produtor tomar decisões mais conscientes, tanto ao evitar "furadas", como por não perder oportunidades por algum preconceito.
Eventos como esse são fundamentais para melhorar a qualidade da nossa pecuária, pois é um ambiente rico em informação, em troca de ideias e em aprendizado, que ocorrem, todos, desde o momento que você pega o crachá até a última despedida.