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Atemporal

por Douglas Coelho
Quinta-feira, 2 de julho de 2020 -14h50

Ao que tudo indica a entressafra chegou com vigor mais cedo do que o esperado. Isto porque as cotações da arroba do animal terminado em São Paulo dispararam 7,1% em junho, saindo de R$204,00 para R$218,40/@, à vista. 


O movimento não foi observado apenas no estado, mas em praticamente todas as praças do Centro-Sul brasileiro, tais como: Triângulo Mineiro (+8,5%), Campo Grande-MS (+10,2%), Dourados-MS (+14,0%), Goiânia-GO (+12,8%), Rio Verde-GO (13,6%) e Cuiabá-MT (12,1%) desde o dia primeiro de junho até o último dia útil. 


A disponibilidade de animais terminados está restrita e isto também tem refletido nas cotações da carne durante todo o período. Com os abates enxutos e as exportações drenando boa parte da produção, as cotações da carne no atacado também reagiram positivamente. 


Para contextualizar, as exportações de carne bovina in natura do Brasil em junho/20 totalizaram 152,5 mil toneladas (MDIC), 33,2% mais do que no mesmo mês de 2019. Pelo lado do atacado, o atual preço da carcaça casada, de R$14,54/kg (Cepea) está 6,6% acima dos valores do início de junho/20.


A velocidade e o ímpeto da reação dos preços já no primeiro mês da entressafra chamaram nossa atenção e ligam um alerta para uma possível quebra da sazonalidade em 2020. Note que o volume exportado de carne bovina deste último mês foi historicamente alto, com diferença de 8 mil toneladas do recorde visto lá em outubro de 2019.


Outro ponto que pode colaborar para uma dinâmica atemporal dos preços da arroba foi o movimento dos confinadores observado neste ano. Durante mar/20 e abr/20, o temor do conoravírus na economia impactou não só a intenção de confinamento, mas também o mercado futuro, inviabilizando a trava de preços naquele período. Os preços da dieta e da reposição também não incentivavam.


Por outro lado, temos percebido uma corrida de parte dos participantes em confinar e proteger os animais que foram fechados para o segundo giro. Portanto, não seria um ponto fora da curva pensar que o semi-confinamento e o confinamento sejam mais expressivos nos meses de set/out/nov frente aos meses anteriores.


Daqui até lá resta observar se a reabertura gradual da economia acordará os braços adormecidos do food service/cozinha industrial, pois há muita água para passar embaixo desta ponte...