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Mercado querendo voltar à normalidade?

por Leandro Bovo
Segunda-feira, 17 de abril de 2017 -14h40

Após toda a confusão causada pela sucessão de notícias negativas que afetaram a pecuária no final de março, o mercado aparentemente tenta encontrar um patamar de equilíbrio que possa fazer os negócios voltarem a fluir com maior liquidez. Após 15 dias em que era difícil até se estabelecer um patamar de referência para as cotações, já que a indústria não queria comprar e o pecuarista também não queria vender, aos poucos esses dois entes voltaram a se falar e os negócios começam a acontecer.


A consequência de mais de 15 dias de abates muito reduzidos foi um grande enxugamento da carne no mercado interno, fazendo a carne retomar os patamares vigentes antes da operação Carne Fraca. Com a melhora nos preços, logicamente as indústrias, sobretudo as menores que não precisam escoar grandes volumes, acabaram voltando com maior interesse nas compras, porém, encontraram os pecuaristas ainda muito retraídos na venda, sobretudo por conta dos descontos do Funrural.


De todo modo a realidade atual é de escalas curtas e oferta retraída, proporcionando alguma retomada de preços no mercado físico. O mercado futuro reagiu bem à essa realidade e o contrato de maio/17 que havia feito mínima de R$131,50/@ no início da semana passada está atualmente em R$136,50/@ (lembrando que os valores negociados na BMF são livres de Funrural, logo a cotação de R$136,50/@ corresponde a um valor de quase R$140,00/@ para descontar o imposto). O contrato de outubro que chegou a fazer mínima em R$137,00/@ está hoje a R$142,50/@.


Muita gente tem feito pouco caso dessa recuperação, acreditando que ela deveria ter sido ainda maior, já que ainda não se recuperou os preços vigentes antes do impacto conjunto de Carne Fraca + Funrural + aumento do ICMS em SP fosse sentido, porém, diante do tamanho do estrago em um mercado que já vinha operando em ambiente baixista, essa recuperação é sim relevante. Ainda mais relevante foi o fato de o diferencial de preços maio x outubro ter se mantido estável ao redor de R$6,00 mesmo diante da constante queda de preços no milho por conta da super safra que será colhida. A propósito, vale a pena analisar o impacto que safra de milho e soja terão nos custos da engorda em confinamento ou semiconfinamento para este ano. Na tabela 1 segue o resumo da média das projeções de produção até o momento.


Diante de produções dessa magnitude e com as deficiências de estocagem e logística típicos do Brasil, é muito razoável acreditar que uma parte significante deste milho e soja terão que ser transformados em proteína animal e o boi será protagonista nessa transformação. Com os três principais custos do confinamento, que são boi magro, alimentação e custo do capital convergindo de forma positiva, é difícil imaginar que o mercado coloque mais ágio do que o que já está embutido na curva de preços para a entressafra até o momento.