Fica até difícil escrever o texto desta semana, com nenhuma mudança significativa acontecendo no mercado físico.
O indicador à vista terminou a semana cotado em R$97,46/@ no dia 17/5 e recuou apenas R$0,23 para os atuais R$97,23/@, no que vai se caracterizando por um final de safra bastante atípico e monótono, sem a tradicional e tão esperada pressão baixista.
Aliás, pelos relatos de quem acompanha o mercado físico, o aumento do volume ofertado ocorreu, porém não foi suficiente para superar o apetite das indústrias e assim pressionar de forma mais significativa os preços.
O que vem chamando a atenção é que nesta época de maior oferta do ano, são as margens da indústria, que têm diminuído ao invés de aumentar como seria esperado. Isto é reflexo da dificuldade de repasse da carne bovina no varejo, em grande parte, devido à concorrência com a carne de frango, que apresentou quedas consecutivas de preço diante da pressão da safra de milho.
A diferença de preços está atualmente em R$3,54/kg, próximo da máxima recente em R$3,64/kg de setembro de 2012 e bem acima da média dos últimos 12 meses, de R$2,92/kg.
Isso nos dá o gancho para abordar o impacto dos preços do milho na precificação do boi gordo e porque mesmo com a safra já se aproximando do final, a entressafra ainda não deu nenhum sinal de reação.A CONAB vem revisando para cima suas previsões para a safrinha de milho com a última estimativa em 43,0 milhões de toneladas ou 10,0% acima do ano passado. Esta "super safrinha" tem impedido maiores expectativas de alta para a entressafra do boi gordo.
É bom lembrar que a precificação do milho do Brasil no segundo semestre ainda depende muito do desempenho da safra americana que está sendo plantada agora. Portanto, até um cenário mais concreto, a volatilidade vai permanecer em alta no milho.
Porém, é importante ter em mente que o mercado futuro sempre precificará a entressafra do boi gordo levando em conta as consequências de preços de milho, isso dificultará uma precificação muito otimista para os futuros.