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Exportações e consumo interno de carne bovina

por Alex Santos Lopes da Silva
Quarta-feira, 30 de dezembro de 2009 -10h19
Os resultados mensais das exportações de carne bovina do Brasil em 2009 foram (com exceção de março e novembro) sempre menores quando comparados aos três últimos anos. Observe a figura 1.



O Brasil, principal exportador mundial de carne bovina, com acesso a mais de 150 mercados, teve seus embarques prejudicados pela crise global.

A Rússia, por exemplo, que absorveu 38% da carne exportada pelo Brasil no ano passado, entre
janeiro e novembro, importou um volume 17% menor em relação ao mesmo período do ano passado. O País cuja economia depende do petróleo tem sofrido com os impactos provocados pela crise.

Crise e desvalorização cambial afetaram negativamente as exportações.

Além disso, no último trimestre do ano, os embarques para os principais mercados do Brasil tendem a diminuir.

E O MERCADO INTERNO?

Em contrapartida, o mercado interno brasileiro, que absorve que absorve cerca de 75% da produção de carne bovina nacional, apresentou uma boa demanda no último bimestre do ano, em função do aumento da renda com o pagamento do décimo terceiro salário e bonificações.

Levando em consideração os cortes de traseiro, a carne bovina possui uma elasticidade de demanda em torno de 0,53, ou seja, a cada 10% de aumento na renda da população, o consumo cresce 5,3%. Para se ter uma idéia, considera-se para a carne suína e de frango elasticidade de demanda esteja entre 0,34 e 0,14, respectivamente.

Esse comportamento elástico fica evidente na figura 2. Nos últimos anos, como reflexo do aumento das vendas, o pico de preços dos cortes de traseiro sempre ocorre entre novembro e dezembro.



No entanto, descrevendo um movimento cíclico, a partir de janeiro, o consumo de cortes de traseiro caem significativamente, justamente no período em que se concentram as obrigações com impostos e outros débitos contraídos no final do ano anterior. * Para as carnes de dianteiro, a correlação entre o aumento de
renda e a elevação no nível de consumo é pequena (elasticidade média de 0,08), ou seja, a demanda pouco se altera ao longo do ano.

PERSPECTIVAS PARA 2010

Alguns cenários podem ser desenhados para o consumo interno e para a exportação de carne bovina em 2010.

Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que aponta crescimento de 1% para as exportações mundiais de carne bovina em 2010, o Brasil poderá se destacar.

De acordo com o órgão, existem previsões de que os embarques da Austrália e da Nova Zelândia, concorrentes do Brasil, deverão ser menores, além de um crescimento de apenas 4% da Índia, que vem despontando como exportador em potencial.

No entanto, o câmbio, responsável por diminuir a competitividade das carnes brasileiras, poderá continuar
prejudicando as exportações.

Com o dólar desvalorizado, uma das vantagens competitivas do Brasil, que é o menor preço da arroba do boi gordo frente aos concorrentes, poderá ser diluída.