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Muitas incertezas

por Leandro Bovo
Sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 -09h13
O mercado físico tem operado em alta, frente à firmeza da carne no atacado. Esse movimento, no entanto, não foi suficiente para “animar” o mercado futuro a operar em alta com consistência. O contrato de fevereiro ganhou mais liquidez com o inicio das rolagens de posições do jan-09 e, até o dia 29/01, já haviam sido negociados 823 contratos apenas para esse vencimento.

Depois de fazer a máxima de R$82,85 no dia 27/01, o contrato de fev-09 perdeu sustentação e era negociado na mínima de R$80,75/@, também no dia 29/01. Todos os outros contratos também seguiram a mesma trajetória de baixa e até o out-09 chegou a ser negociado na mínima, a R$81,00/@, ou R$2,73/@ abaixo do índice ESALQ do dia 28/01.

As notícias com relação à crise são as piores possíveis, basta ler os jornais para se deparar com reportagens de desemprego, prejuízos e por aí vai. Até agora o mercado físico de boi gordo (que evidentemente passa por um forte ajuste de oferta devido ao ciclo pecuário) passou ao largo da crise. Os preços do boi gordo no Brasil estão em média 14% mais altos do que estavam em janeiro de 2008. Essa aparente imunidade do boi à crise está mexendo com os ânimos dos participantes do mercado futuro, uns apostando que uma hora a crise irá atingir os preços, provocando fortes recuos (como ocorreu nas outras commodities), e outros achando que o ajuste produtivo foi muito grande e os preços não teriam espaço para grandes recuos. Pelo menos até agora as tentativas de forçar preços abaixo de R$80,00/@ em São Paulo não obtiveram sucesso.

Nesse ambiente de grandes incertezas, as operações com opções de compra e venda estão ganhando bastante destaque. Para se ter uma idéia de como esse mercado cresceu, basta comparar o número de opções em aberto.

Hoje existem 15.741 contratos de opções em aberto na BM&F. Na mesma data de 2008 existiam apenas 741 contratos. Se compararmos esses números com os respectivos números de contratos em aberto no mercado futuro, aí a conta fica ainda mais impressionante: 15.741x15.903 agora e 741x33.136 em 2008.

Dessa forma, em um raciocínio bastante simples, quem quer apostar em uma enorme queda de preços (ou se proteger dela) pode comprar opções de venda.

Já quem quiser apostar numa valorização de preços, ou se proteger, compre uma opção de compra.

Como as apostas e as necessidades de proteção são as mais diversas possíveis, os contratos de opções também são os mais variados possíveis. Para se ter uma idéia, hoje a opção com maior número de contratos em aberto é a de venda do contrato out-09 de nível R$65,00/@ com 3.160 contratos. O comprador dessa opção pagou um prêmio para ter o direito de vender o contrato de out-09 a R$65,00/@, ou seja, quase R$20,00 abaixo do que o boi gordo está sendo negociado agora na safra.

Diante de todas essas incertezas, o mais prudente a se fazer é controlar absurdamente os custos e aproveitar as oportunidades do mercado para zerar diminuir seus riscos.

Muitos já estão fazendo isso!