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Diferencial de base

por Leandro Bovo
Sexta-feira, 13 de março de 2009 -10h28
Uma das maiores dificuldades para quem opera no mercado futuro de boi gordo e possui fazendas fora de São Paulo é o diferencial de base.

O objeto de negociação do mercado futuro de boi gordo é o seu preço em São Paulo para uma data futura. Desta forma, o diferencial entre os preços de São Paulo e das outras regiões pecuárias é o chamado diferencial de base. São Paulo ainda é a praça balizadora dos preços do País por concentrar grande parte das indústrias exportadoras e por deter o maior mercado consumidor. Dessa forma, quando os preços de São Paulo sobem, é natural que os preços dos outros Estados acompanhem, e quando São Paulo cai, os outros tendem a ceder também.

Acontece que esses diferenciais de preços não são constantes e a oscilação do diferencial é chamada de risco de base.

O risco de base não é passível de ser totalmente zerado apenas nas operações na BM&F, porém é possível tomar medidas para minimizar seus efeitos nas operações de hedge. Uma forma de não correr esse risco seria a venda a termo a preço fixo para um frigorífico, onde nesse caso, o frigorífico assumiria o risco de base. Outra forma seria acordar com algum frigorífico um diferencial de preços, onde ele se comprometeria a pagar o preço do índice ESALQ menos um diferencial pré-fixado na data de abate dos animais. Nesse caso, o pecuarista que opera no mercado futuro teria também transferido seu risco de base para o frigorífico. Nos casos onde uma negociação direta com o frigorífico não é possível ou viável, o ideal seria estudar o histórico dos diferenciais e ser conservador, considerando a hipótese de o diferencial aumentar em relação ao seu parâmetro histórico.

Atualmente devido à maior escassez de bois em São Paulo, os diferenciais de base estão aumentando frente às outras praças pecuárias, dificultando o hedge por parte dos produtores de outros Estados. Observe nos gráficos abaixo a evolução dos diferenciais de preços entre São Paulo x Dourados - MS e São Paulo x Goiânia.

Apesar da aparente volatilidade desses diferenciais, existem alguns padrões históricos comuns, como a ampliação do diferencial na safra e diminuição na entressafra. De toda forma, a tendência recente é o aumento do diferencial, demandando ainda mais atenção dos pecuaristas de outros estados que decidem usar a BM&F como ferramenta para proteger o preço de venda futuro.