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O mundo quer carne. O Brasil tem

por Gustavo Aguiar
Sexta-feira, 11 de março de 2011 -17h37
O aumento do consumo de carnes, reflexo na melhoria da renda, tem sido um dos fatores-chave na formação de preços e comportamento de mercado para estas commodities.

Tal movimento não está ocorrendo somente no Brasil, conforme nossa economia progride, mas também em escala global.

O reflexo disto é o aumento de preço.

Veja na figura 1 o índice de preços internacionais para as carnes elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), composto pelas carnes bovina, suína, de frango e ovina.



A retomada dos preços internacionais das carnes no pós-crise tem sido forte.

O atual valor do índice da FAO está próximo do pico registrado em agosto de 2008.

Considerando somente os valores para fevereiro dos anos anteriores, temos o maior valor da série em 2011.

A tendência é que os preços continuem em alta e o índice atinja o maior valor dos últimos vinte anos.

Qual carne terá o maior crescimento em consumo?

A carne mais consumida no mundo é a suína, seguida da de frango e da bovina.

Segundo estimativas da FAO e da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OECD), de 2011 a 2019, a carne que apresentará maior crescimento em consumo será a de frango. Observe a tabela 1.



Segundo essa projeção, o aumento no consumo mundial de carne de frango será de 20% ou 19,3 milhões de toneladas.

Na sequência aparece a carne suína, com crescimento de 13,9% (15,4 milhões de toneladas) e a bovina, com 13,3% (8,6 milhões de toneladas).

Os aumentos correspondem a um crescimento anual de 2,3%, 1,7% e 1,5% para as carnes citadas, respectivamente.

Quem será responsável pelo crescimento no consumo?

O crescimento no consumo ocorrerá de forma generalizada, mas podemos dizer que grande parte deste aumento será devido aos países em desenvolvimento.

Além destes países já consumirem, juntos, maior volume de carne em comparação com os desenvolvidos, o crescimento anual será maior para este primeiro grupo. Tabela 2.



Como resultado, a participação dos países em desenvolvimento no consumo mundial de carnes será ainda maior. Observe a figura 2.



Vale ressaltar que o consumo de carne de frango também terá o maior crescimento neste grupo de países. O aumento estimado até 2019, será de 25% (15 milhões de toneladas), contra 18,9% (7,2 milhões de toneladas) e 18,7% (13,6 milhões de toneladas) para as carnes bovina e suína, respectivamente.

Oportunidades para o Brasil

Os altos preços para a carne no mercado internacional indicam que a oferta não está acompanhando a demanda.

Nesse contexto, criam-se oportunidades para o Brasil. Para a carne bovina, tivemos preço médio recorde em janeiro último, de US$2,9 mil por tonelada.

Em curto e médio prazos, o Brasil apresenta boas condições de atendimento da demanda internacional em comparação com outros importantes exportadores.

Os outros participantes estão em uma fase de retração do rebanho (EUA), com problemas climáticos (Austrália) ou enfrentando problemas políticos que afetam as exportações (Argentina).

Com isso, o Brasil deverá se beneficiar dos bons preços internacionais da carne bovina, em um momento de baixa oferta do produto e demanda crescente.