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Potência agrícola

por Maria Gabriela Tonini
Quinta-feira, 6 de julho de 2006 -19h10
  • O Brasil, de acordo com estudo divulgado em conjunto pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização nas Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (ONU), juntamente com a China e a Índia, será um dos três maiores gigantes agrícolas do mundo em alguns anos.

  • Mas convenhamos, isso não é grande novidade. Nosso País leva vantagem sobre o resto do mundo em relação à extensão territorial, solos adequados, disponibilidade de água e clima favorável. Tudo bem que nesse ponto a China e a Índia não ficam muito para trás. Mas estes países apresentam desigualdades ainda maiores que as brasileiras, principalmente em termos culturais e de influência da religião, o que pode ser um obstáculo para o desenvolvimento e adaptação a novos mercados.

  • Os países em desenvolvimento - não é à toa que assim são chamados - apresentam ritmo crescente de produção e demanda. O aquecimento da economia e aumento da renda per capita fazem o consumo crescer também.

  • Entretanto, muitas vezes o crescimento da produtividade agrícola nos países em desenvolvimento não acompanha a necessidade da população. Isso por razões diversas, sejam problemas de política agrícola, ou atratividade dos preços conseguidos via exportação. O fato é que existe grande dificuldade na chegada do alimento produzido para a população. No Brasil, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a estimativa é que existam 50 milhões de brasileiros ou 29,3% da população vivendo abaixo da linha da indigência. É um problema estrutural, envolvendo questões políticas e sociais no País.

  • Mas os agricultores também precisam sobreviver e, para conviver com a baixa rentabilidade da atividade - tendência cada vez maior da produção agrícola mundial - buscam mercados que remuneram melhor. Ou "menos pior".

  • E não é fácil atender os países desenvolvidos. Como podem pagar, exigem. São pontos relacionados à segurança alimentar, boas práticas de fabricação, garantia de origem do produto (rastreabilidade), preocupação sócio-ambiental, além de diversificação de produtos e praticidade.

  • Não há dúvidas de que o Brasil ampliará sua potência agrícola. Mas para garantir a prosperidade da atividade, as questões exigidas pelo mercado externo devem ser cada vez mais incorporadas na lida dos agricultores nacionais. Nesse campo o governo brasileiro poderia reformular ou reestruturar certas políticas para dar um empurrãozinho ao setor.