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Preços internos vs Relação cambial

por José Amaral
Sexta-feira, 24 de outubro de 2008 -11h01
A crise financeira já comprovou seus efeitos nos preços das commodities: petróleo, metais, arroz, trigo, soja e milho já apresentam desvalorização acentuada em suas respectivas praças de referência de preço. No caso do petróleo, a queda já alcançou 50% em apenas três meses.

Mas no mercado interno, a desvalorização do real frente ao dólar tem oferecido um excelente suporte aos preços dos grãos. O dólar atingiu sua cotação mínima no dia 1º de agosto deste ano, R$1,56, valor mais baixo desde janeiro de 1999. Mas até o fechamento desta edição, já estava em R$2,38, uma alta de 52% em pouco mais de 2 meses.

A maioria das commodities tem como referência alguma praça internacional. No caso dos grãos, a Bolsa de Chicago (CBOT), com mais de 100 anos de tradição em mercados futuros agrícolas, é o "norte" para os preços de grãos.

Durante este ano, os preços do milho e da soja alcançaram patamares recordes. Repare no gráfico ao lado que a maior cotação da soja foi atingida em julho.

Nesse período, o dólar em queda não permitiu que as cotações internas registrassem aumentos na mesma magnitude, ou seja, a queda do dólar serviu como freio para a alta dos grãos. Enquanto nos EUA os preços subiam mais de 60%, para os produtores brasileiros os aumentos eram de "apenas" pouco mais de 30%, enquanto o dólar apresentava desvalorização de cerca de 20% frente ao real.

A situação cambial não era favorável ao produtor, mas ao menos a alta internacional acentuada compensou a queda do dólar. Para quem se antecipou na compra dos insumos, a atitude foi mais acertada ainda, aproveitando o momento para garantir custos competitivos para a próxima safra.

Aos que esperaram alguma eventual redução de preços, o cenário se deteriorou. O dólar mais alto encarece a maioria dos insumos e os problemas financeiros não permitem um acesso ao crédito que viabiliza o início da safra.

Vale ressaltar que a relação cambial é de extrema importância para o agricultor, pois sua receita é proveniente da venda de uma commodity cotada internacionalmente.

Dessa forma, vale a pena estudar mecanismos seguros de proteção cambial, da mesma forma que se trabalha com hedge de preços.