Scot Consultoria
www.scotconsultoria.com.br

Início da safra americana

por José Amaral
Quinta-feira, 25 de setembro de 2008 -18h03
E foi dada a largada. Nesta semana iniciou-se a safra norte-americana, em ambiente de grande apreensão e incertezas quanto aos rumos dos preços das principais commodities agrícolas. Os EUA hoje são considerados o "celeiro" mundial, com a maior safra entre os países produtores de grãos. Apenas a safra de milho de 2007/2008 foi de 332 milhões de toneladas, montante mais do que duas vezes maior que a produção total de grãos do Brasil, de 143 milhões de toneladas. Os EUA detêm 42% da produção mundial de milho.

A safra norte-americana realmente começa a tomar forma: a soja, o milho e a maior parte da safra de trigo estão no período de colheita.

O problema consiste na evolução das etapas do ciclo produtivo das lavouras daquele país. A maioria das culturas conta com algum tipo de "atraso". Em outras palavras, a safra recorde de anos anteriores não ocorrerá dessa vez.

Problema ou solução, o fato é que as condições climáticas não foram das mais favoráveis durante os cultivos, e a chegada do furacão Ike e seus efeitos nas principais regiões produtoras reduziram as estimativas de uma eventual safra cheia.

A colheita da soja ainda não teve início, mas já contava com uma evolução de 12% na última safra, nesse mesmo período. O milho já contava com 20% de sua área total colhida no mesmo período de 2007, com uma média de 14% nos últimos 5 anos. Nesta safra, porém, 5% da área plantada foi colhida até agora.

O trigo é a cultura que mais se aproxima da normalidade, acompanhando a média histórica acima de 95% da área total colhida para essa época do ano.

O atraso da colheira deixa o mercado de olho na oferta: os estoques continuam ajustados, e a safra norte-americana não veio para "recompor" as quantidades.

Tamanha atenção se explica pela mudança de cenário. Antes as commodities estavam em alta. Agora, diante da crise financeira internacional, estão em baixa. A demanda, puxada principalmente pelo aquecimento das economias emergentes, está ameaçada pela falta de crédito, já que quem oferecia o capital sofre com as quedas de Wall Street.

Os atrasos na safra norte-americana podem servir de "alívio" aos agricultores brasileiros, afinal de contas, uma menor oferta de grãos pode sustentar os preços das commodities agrícolas, que continuam enfrentando a volatilidade dos principais mercados no exterior.

Foco em custos e um bom planejamento da produção se mostram cada vez mais cruciais para o sucesso na propriedade.