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Contradições na produção de alimentos

por José Amaral
Quinta-feira, 5 de junho de 2008 -09h06
O Secretário Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) anunciou, durante o encontro sobre segurança alimentar realizado em Roma, que "...o mundo necessita aumentar em 50% a produção de alimentos até 2030". A afirmação se fundamenta no aumento de 60%, em média, nos preços agrícolas e nas guerras civis iniciadas em mais de 30 países, em virtude da escassez de alimentos. O Secretário pressionou os países ricos a investir US$30 bilhões na produção agrícola dos países mais pobres, na tentativa de evitar conflitos civis futuros e melhorar a produção agrícola.

A alta do petróleo e assuntos como subsídios e tarifas de importação também foram apresentados como "culpados" pela elevação nos preços dos alimentos.

Um dado interessante foi a queda no investimento em projetos agrícolas quando comparado com o total de auxílio financeiro enviado aos países em desenvolvimento. De 17% do total, que eram investidos no início da década de 80, caiu para 3% em 2006, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).

Outro destaque foi a "intimação" aos países emergentes em melhorar sua produtividade. Se por um lado são os principais causadores do desmatamento, por outro são responsáveis por alimentar o mundo. Típico cenário do produtor brasileiro.

Os EUA tentam melhorar a transparência do mercado de commodities negociadas em suas principais bolsas. Já divulgou, através da CFTC (comissão regulamentadora dos mercados futuros), medidas para tentar conter a ação de especuladores e distorções nos preços do petróleo. A reação no mercado de petróleo foi a queda de US$133,00/barril para menos de US$125,00/barril. Porém existe muita controvérsia se as medidas tomadas realmente surtirão algum efeito prático no mercado.

A atenção dos americanos também se volta ao mercado de commodities agrícolas. Depois de anunciarem a investigação, e detalhamento, sobre os investidores dos mercados agropecuários, houve uma preocupação, por parte dos produtores, com relação aos preços agrícolas. Porém, a idéia de uma queda generalizada nas cotações logo se desfez diante da continuidade da greve na Argentina e dos problemas climáticos enfrentados nos EUA.

Endividamento, falta de investimento, sucateamento de seus recursos, preços baixos, e distorcidos por subsídios ao longo dos anos, deram o tom da atividade rural na última década. Especialmente em países com grande potencial de produção, como é o caso do Brasil.

Tais condições somadas a diversos problemas climáticos e frustrações de safra, aquecimento das economias emergentes - especialmente da China - resultou na tão discutida e atual crise mundial de alimentos.