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Scot Consultoria

Imunocastração versus castração tradicional


Quinta-feira, 26 de maio de 2011 - 16h41

A imunocastração é uma técnica de castração que não utiliza métodos cirúrgicos. A Pfizer desenvolveu uma vacina chamada Bopriva que inibe temporariamente a produção de testosterona em bovinos. Essa vacina estimula a produção de anticorpos anti GnRF (sigla em inglês para Fator de Liberação da Gonadotrofina) e é livre de hormônios. Além disso, não usa promotores de crescimento ou organismos geneticamente modificados. A Bopriva tem melhores resultados se utilizada a partir do início da idade reprodutiva, e devem ser ministradas duas ou três doses (dose e reforço). O animal somente é considerado imunocastrado após a segunda dose. A vacina, que não tem efeitos colaterais, pode ser ministrada juntamente com outros produtos, como a vacina contra aftosa. O produto foi liberado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em dezembro de 2010 e lançado oficialmente no mercado brasileiro na primeira semana de maio deste ano. Na castração convencional, há utilização de procedimento cirúrgico e ocorre a remoção dos testículos do animal, mediante incisão no escroto e ligadura do cordão espermático. No procedimento cirúrgico existe a possibilidade de ocorrência de complicações, como miíases (bicheiras), hemorragias, infecções e abscessos. CUSTOS COM AS DUAS TÉCNICAS Para a análise econômica, considerou-se a necessidade de utilizar cinco peões para castrar cirurgicamente 500 bois, em três dias. Para a imunocastração foram usados dois dias para a mesma quantidade de animais (um para a primeira dose e outro no reforço). O custo da diária considerada foi R$25,00 por peão. Para a imunocastração os materiais utilizados são as duas doses e a seringa especial, utilizada em todo o lote. As duas doses estão cotadas em R$15,00. A seringa custa R$125,00. Levando em consideração o preço da vacina e a mão de obra de cinco trabalhadores, em uma situação hipotética de vacinação de 500 animais, o custo por animal seria de R$15,50. Somado a isto o valor da seringa (R$125,00), rateado entre os 500 bois, temos R$15,75/cabeça. Vale ressaltar que se esta seringa for utilizada em outros lotes, o custo por cabeça diminui. A seguir estão os custos com a castração cirúrgica. Após a castração utiliza-se um repelente, popularmente chamado “mata bicheira” para evitar a proliferação de miíases. O frasco de um medicamento comumente utilizado custa R$6,00. Castrando 500 animais seria necessária a compra de aproximadamente cinco frascos do medicamento. A utilização de um endectocida diminui a possibilidade de miíases, que demandariam mais manejo e custos. Considerando o produto cotado em R$250,00/l e 6ml por animal, teríamos custo por cabeça de R$1,50. Para a castração de quinhentos animais serão gastos R$750,00 (três frascos). Considerando a mão de obra somada aos medicamentos, teremos um custo de R$2,34 por animal castrado. Temos que considerar que, optando pela castração tradicional, corre-se o risco de complicações durante ou após o processo cirúrgico. Dependendo das condições de castração pode ser necessária outra passagem dos animais no mangueiro, para tratamento de miíases ou infecções. No procedimento e na cicatrização há estresse, que normalmente leva à diminuição da ingestão de alimentos, com perda de desempenho, o que aumenta consideravelmente o peso econômico da técnica. PREÇOS DE VENDA Atualmente, animais inteiros e castrados têm preços distintos na maior parte das regiões. Com a venda do animal castrado, o produtor recebe ágio de aproximadamente R$2,00 por arroba. Portanto, considerando um boi de 20 arrobas e a cotação em São Paulo em R$97,50/@, à vista, livre de imposto, o produtor recebe do frigorífico R$1.990,00 (arroba do capão em R$99,50, nas mesmas condições). Se o produtor imunocastrar seu rebanho receberá R$1.990,00 por animal. Descontando o custo da imunocastração do valor pago pelo frigorífico, chegaremos ao valor de R$1.974,25, frente a R$1.950,00 se o animal tivesse sido vendido inteiro. Resultado positivo de R$24,25 por cabeça, em relação à venda dos animais inteiros. Com um lote de 500 animais, a diferença seria de R$12.125,00. FINAL Existe a questão de como os animais imunocastrados serão aceitos pelos frigoríficos. Frigoríficos consultados ainda não têm posição definida sobre a imunocastração, até porque estes animais ainda não estão à venda. O pecuarista também deve ter em mente que o ágio e deságio entre animais inteiros e castrados oscilam e podem deixar a castração menos interessante. A tecnologia é interessante e se for bem aceita pelos compradores será mais uma opção, que vem de encontro às exigências quanto ao bem-estar animal. A técnica não muda a questão entre a opção por criar animais castrados ou inteiros, nem as controvérsias sobre a precificação. Traz mais variáveis ao assunto, como a possibilidade de se comparar o desempenho de inteiros e castrados sem o estresse da cirurgia.
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