A participação do abate de fêmeas no total de animais bovinos abatidos indica o nível de investimento na pecuária, cuja intensidade é influenciada principalmente pelo preço do bezerro e do boi gordo.
A reposição com preços maiores induz investimento na atividade de cria, na retenção de matrizes, no maior uso de insumos e, consequentemente, o resultado é o aumento da produção, primeiramente de bezerros, posteriormente de bois terminados.
Em 2009, a participação de fêmeas nos abates foi de 36,3%, a menor desde 2002.
Isto indica que o fazendeiro tem investido na cria.
Em 2009, a relação de troca média entre o boi gordo em São Paulo e o bezerro de 12 meses no Mato Grosso do Sul era de 1,95, 10,5% menor que a média desde o ano 2000, cuja relação é de 2,18 cabeças.
A desvalorização do bezerro em decorrência da crise foi menor que a do boi gordo. O fechamento de plantas e a diminuição nos abates influenciaram diretamente o preço dos animais terminados, no entanto, as categorias mais jovens sofreram impacto menor, fato que reduziu a relação de troca.
Observe na figura 1 a participação de fêmeas nos abates e a variação dos preços do bezerro e do boi gordo. Em 2008, o preço do bezerro subira 49% em relação à cotação de 2005, o preço mais baixo do período analisado.
Apesar da queda da participação de fêmeas nos abates desde 2006, a oferta de bezerros ainda não suplanta a demanda e os preços da reposição estão firmes.
Os preços da reposição têm sido um dos fatores de resistência de venda do boi gordo, uma vez que, com a relação de troca desinteressante, o invernista pensa duas vezes antes de vender os bois, diminuindo a oferta e pressionando os preços.
Estamos há três anos com a participação do abate de fêmeas em queda.
E, apesar desse cenário, o que se observa é um mercado firme, sem excesso de oferta em nenhuma categoria, dando sustentação aos preços. Um cenário não muito diferente do que tínhamos em 2008, antes da crise global.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>