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Scot Consultoria

De onde surgiu tanto boi?


Terça-feira, 2 de agosto de 2022 - 12h00

A pergunta do início desse texto é a que mais se escuta nas rodas de conversas de qualquer um envolvido com a pecuária de corte ultimamente. Desde a virada de maio para junho, quando houve um início de movimento de alta no mercado físico, existia a expectativa de que julho e agosto seriam meses de baixa oferta e consequentemente preços mais altos, porém a realidade foi o exato oposto disso.


A oferta ao longo de julho foi confortável e crescente, permitindo o alongamento das escalas para níveis poucas vezes vistos no passado recente. No estado de São Paulo, não são incomuns casos de indústrias com as programações de agosto já completas ou bem encaminhadas, levando muitos pecuaristas a abrirem negociação com indústrias que não são a de sua preferência apenas para “aproveitar” a possibilidade de abater antes seus animais.


O movimento de pressão é ainda mais intrigante porque ocorre junto com uma grande melhora na margem das indústrias exportadoras, sobretudo para quem faz China, na esteira do dólar acima de R$5,40 durante a maior parte de julho. Essa margem explica porque muitas indústrias estão com escalas tão longas, tentando obviamente garantir o máximo de suprimento possível para aproveitar o bom momento. O gráfico abaixo, que ilustra quantas @ podem ser compradas com a venda de uma tonelada de carne bovina exportada, evidencia o bom momento das exportações.


Figura 1. Poder de compra da indústria exportadora de carne bovina in natura em relação a compra de bovinos.

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br


O que pode estar sendo o fiel da balança para essa sensação de “sobra” de bois pode ser a demanda do mercado interno, que segue abalada pela baixa disponibilidade de renda da população. Por mais que a exportação tenha aumentado sua participação no escoamento da produção brasileira, o mercado interno ainda é responsável pela absorção da maior parte da produção, algo próximo a 70%, logo, a diminuição de demanda nesse segmento ajuda a gerar pressão negativa nos preços. Outro fator que joga a favor de um mercado mais frouxo são os bons preços da reposição, levando o produtor a acelerar ou antecipar o abate dos animais prontos para repor bezerros ou garrotes numa condição bem melhor do que a dos últimos anos.


De todo modo, é sempre importante lembrar que estamos na entressafra e com a margem das indústrias exportadoras no atual patamar, elas não hesitarão em subir preços caso a oferta dê algum sinal de diminuição. Quando será que isso vai acontecer?


Tabela 1. Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3



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