Boi pra baixo, milho pra cima

Contrariando as expectativas de muitos que apostavam numa falta acentuada de boi durante julho, o mês vai caminhando para o final com um conforto nas escalas que há muito as indústrias não tinham. Em São Paulo já existe indústria com a escala avançando para meados de agosto e esse conforto aos poucos vem dando vazão a uma pressão baixista no estado. Preços de R$320,00/@ já vão ficando muito raros e aos poucos negócios abaixo da referência vêm ganhando volume, situação que há muito tempo não se via.

Essa pressão baixista é derivada quase que exclusivamente da oferta de animais confinados, já que a margem da indústria exportadora segue em patamares bastante favoráveis e haveria espaço para pagar valores até acima da referência, caso a oferta não estivesse boa como a atual.

A pressão baixista atual tem tirado o sono dos confinadores, porque ela ocorre simultaneamente à alta nos preços do milho, que surpreendentemente tem subido mesmo com o avanço da colheita da safrinha. O rendimento das lavouras colhidas tem sido em sua maioria abaixo do projetado, levando os produtores a segurar as vendas, à espera de preços ainda mais altos, que compensem a menor produtividade. Nesse cenário, a relação de troca da arroba por sacas de milho voltou a piorar, estando novamente próxima dos piores momentos recentes, como pode ser observado na figura 1.

FIGURA 1. Relação de troca do boi gordo vs milho no mercado físico em São Paulo, desde 2015.

Fonte: Radar Investimentos / Broadcast

TABELA 1. Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3