Onde a carne vai parar?

Após o rápido movimento de alta de preços no fim do ano, a carne voltou a trabalhar em um ambiente mais pressionado nos últimos dias. A questão que se coloca não é nem a direção do movimento, já que o consenso é que a direção é pra baixo, mas onde será encontrada alguma sustentação para as cotações.

A situação do mercado atual é bastante peculiar, pois em São Paulo a oferta de boi abaixo de R$150,00/@ não é abundante e a estratégia das indústrias é a de redução dos abates. Escalas incompletas, pulos e falhas são comuns e mesmo assim as programações ainda permanecem curtas. O medo da queda da carne, no entanto, faz as indústrias adotarem uma estratégia muito conservadora no estado, aumentando os abates nos estados vizinhos. A consequência disso é o aumento dos diferenciais de base, como pode ser observado na tabela 1. Nesse sentido, o mercado em São Paulo tem destoado das demais praças pecuárias, onde a oferta aumentou nos últimos dias, porém a tendência ainda é que aos poucos a praça paulista siga a tendência do restante do Brasil.

Diante de todo esse pessimismo no mercado, a curva de preços futuros desceu mais um degrau, com todos os contratos fazendo novas mínimas, e mai/17 negociado ao redor de R$143,50/@ e out/17 a R$148,20/@. Os volumes negociados ainda são relativamente pequenos e o número de contratos em aberto permanece entre os menores da série histórica, porém, quem está esperando alguma melhora nas cotações para travar preços ou comprar seguros de baixa está se frustrando.

Enquanto a carne ainda estiver procurando um piso, o mais provável é que a indústria siga na sua estratégia de diminuição dos abates e permaneça bastante fria na compra de bois. Fatores pontuais como o grande aumento da oferta de fêmeas em Goiás também ajuda a piorar ainda mais o cenário da carne e enquanto esses fatores não puderem ser bem dimensionados a tendência de baixa no mercado persistirá. Resta saber qual será o fundo desse poço.