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Scot Consultoria

Oh dúvida cruel...


Quinta-feira, 28 de julho de 2016 - 14h40

A realidade dos preços mais baixos se impôs no mercado físico e aos poucos o pecuarista vai aceitando a ideia de entregar seus bois nos preços mais baixos. A fraquíssima demanda por carne no mercado interno, junto com o recuo nos volumes exportados, impede que as indústrias considerem qualquer possibilidade de pagar mais pelo boi gordo. A situação das margens, que já não vinha boa nas últimas semanas, se deteriorou ainda mais, levando até mesmo algumas indústrias a suspenderem os abates e passar a comprar carne com osso para atender sua demanda. Acaba sendo melhor enfrentar o altíssimo custo da ociosidade no abate, do que seguir abatendo na conjuntura atual.


O ambiente de negócios hoje é o pior possível, porque a conjuntura atual consegue ser ruim para todos os integrantes da cadeia produtiva. Desde o consumidor, que não tem renda suficiente para consumir o que gostaria de carne bovina, passando pelos atacadistas, com menor volume de vendas, pela indústria, com margens negativas e pelo pecuarista, que nos preços atuais tem prejuízo na engorda dos animais. Essa realidade vai ficando mais difícil quanto mais milho é usado na alimentação do rebanho e, nessa escala quem está enfrentando a maior dificuldade são os confinadores.


Com a “tempestade perfeita” de preços de milho, com altas explosivas em plena colheita da safrinha e mercado futuro de boi em queda, não é exagero afirmar que praticamente nenhum confinamento consegue ser viável nos dias atuais. Quem não tinha algum tipo de proteção para o milho e/ou boi gordo vai ter que enfrentar a dura decisão de prosseguir a engorda torcendo para que a conjuntura mude e quem ainda não está com os animais no cocho e, consegue de alguma forma postergar essa decisão, provavelmente o fará.


Essa situação nos leva à “dúvida cruel” do título do texto: será que essa conjuntura adversa vai ser suficiente para causar uma diminuição tão grande na oferta no restante da entressafra que possa forçar altas nos preços? Atualmente, o mercado futuro vem diminuindo dia após dia suas apostas de alta para outubro e esse contrato devolveu toda a alta acumulada nesse ano, atingindo no pregão de 27/7 sua mais baixa cotação desde janeiro. Será que prevalecerá a decisão racional de não enfrentar esse cenário adverso com os bois no cocho, ou será que a tentação de apostar que ninguém vai confinar vai dar a coragem necessária para investir no confinamento atualmente?


A verdade é que apesar de muito importante, o confinamento não é o único responsável pelo abastecimento da entressafra e apesar de não haver números confiáveis sobre isso, muitos consideram o semiconfinamento muito mais relevante em números de animais para o abate. Com a alta de custos recentes, essa oferta também será comprometida, algumas indústrias de insumos reportam diminuição significativa nas vendas até de suplementos de baixo consumo, devido ao aumento dos custos. O mais provável é que realmente tenhamos alguma restrição de oferta e melhora de preços no restante da entressafra, resta saber até onde os preços cairão no curto prazo e qual vai ser o ponto de partida para essas possíveis altas.




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