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Scot Consultoria

A “boca de jacaré” que come o lucro do confinador


Quinta-feira, 14 de julho de 2016 - 14h40

A situação totalmente inusitada de as indústrias maiores pagando preço acima das menores no estado de São Paulo permanece. Essa realidade, no entanto, não foi suficiente para alterar a dinâmica do mercado que permanece pressionado devido à queda de braço entre a indústria e o produtor, já que se a oferta não é suficiente para causar queda de preços, as vendas de carne no mercado interno e mercado externo também não animam a indústria a ser mais agressiva nas compras. A verdade é que o tempo vai passando e as expectativas de maiores altas vão diminuindo à medida que a situação, extremamente desfavorável da indústria, vai se impondo no mercado.


Sem o mercado físico para dar nenhum direcionamento, o mercado futuro ficou mais influenciado por fatores externos ao boi e nesse caso a queda do dólar tem sido o principal fator a ditar os rumos, influenciando na queda das cotações. Os dados das exportações da primeira semana de julho foram decepcionantes, indicando queda de 12,0% em relação a junho e de 5,0% em relação aos dados de jul/15 e, segundo alguns exportadores, esses números podem piorar ainda mais ao longo do mês dado o baixo ritmo dos embarques atuais.


Se não bastasse a queda nos preços do mercado futuro, a outra má notícia para os pecuaristas foi a retomada da alta dos preços do milho, que cederam bem com o início da colheita da safrinha, mas já voltaram a subir forte com a confirmação da expectativa de quebra de produção divulgada pela Conab na semana passada. O interessante é que esse movimento de alta tem acontecido juntamente com a queda do dólar, que sempre teve um impacto muito importante na precificação do milho. A “boca de jacaré” formada na figura 1 por essas duas variáveis é o que tem “comido” todo o lucro dos confinadores nesse ano, já que o dólar em queda impacta negativamente as exportações de carne bovina, enquanto o milho em alta impacta o custo do confinamento. Esse fator, totalmente atípico, se deve ao fato de que a precificação do milho no Brasil migrou da paridade de exportação para a paridade de importação, já que diante do desabastecimento do mercado interno, o consumidor brasileiro passou a “pagar prêmio” para segurar o milho por aqui. Acompanhe na figura 1 a cotação do milho na linha branca e a do dólar na linha verde.


Como abordávamos na semana passada, a situação atual consegue ser ruim tanto para pecuaristas como para a indústria, porém não há dúvidas que a situação mais delicada é a dos frigoríficos que enfrentam uma das piores margens operacionais da história. Nesse cenário, um fator altista seria a expectativa de diminuição da oferta de animais confinados para outubro, já que a alta do milho em muitos casos inviabiliza a operação, porém o ágio embutido na curva de preços atual já reflete muito bem essa realidade. Caso não haja novos fatores altistas, a tendência é que o mercado vá diminuindo mais esse ágio ao longo do tempo.



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