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Scot Consultoria

A âncora do consumo


Quinta-feira, 7 de julho de 2016 - 14h40

Que a margem das indústrias está muito ruim, acredito que não seja novidade para ninguém. Esse assunto já vinha sendo analisado e discutido há bastante tempo pelos mais diversos analistas de mercado. O que acredito que seja novidade para alguns foi que a força dessa queda no consumo foi suficiente para segurar os preços e, em muitos casos, causar recuo nas cotações em algumas praças pecuárias. Um jargão que muitas vezes se ouviu em períodos de pouca oferta de boi, mas também de fraca demanda pela carne foi que “Boi é boi e carne é carne”, porém, definitivamente, esse não foi o caso atualmente.


As margens da indústria no mercado interno estão em níveis em linha com os piores momentos da história. Pior que isso é que, nas outras ocasiões em que a situação estava tão crítica assim, os momentos de piora foram pontuais e rapidamente o mercado se reajustou de modo a recompor, pelo menos, parte da margem da indústria. A situação atual de margens nas mínimas históricas já perdura há mais de um mês, afetando de maneira muito significativa a capacidade das indústrias menores em poder pagar mais pelo boi gordo.


Essa questão das margens fez o mercado vivenciar uma situação muito inusitada, onde as indústrias maiores são as que estão fazendo as máximas de preço na praça paulista, enquanto as menores, são as que estão comprando na banda inferior, invertendo totalmente a lógica de mercado vigente até agora. Logicamente que essa conjuntura é fruto do total desinteresse das indústrias menores pelo boi gordo nos preços atuais, onde reduções e pulos nos abates tentam adequar a venda de carne à oferta de bois, sem, contudo, ter conseguido nenhum efeito positivo na margem, o que continua deixando o mercado pressionado.


Nos últimos dias a queda de braço parece que vem sendo vencida pela indústria e preços abaixo do importante piso de R$155,00/@ tem sido reportados com alguma frequência na praça paulista. O mercado futuro até tentou esboçar alguma reação durante a semana, com jul/16 sendo negociado acima de R$157,00/@, ago/16 a R$160,00/@ e out/16 a R$163,00/@, porém, a realidade do físico mais frouxo se impôs, trazendo as cotações de volta para as mínimas recentes, inclusive com jul/16 próximo das mínimas do contrato!


A queda dos preços tem sido menos severa nos contratos mais longos, até porque muito da decisão de confinamento para outubro está sendo finalizada agora e as notícias não têm sido estimuladoras. Para piorar ainda mais a situação a Conab divulgou na manhã de hoje suas estimativas para a produção de milho para a safrinha de 2016, com queda de 21,1% em relação a 2015 e nessa notícia os preços do milho set/16 que estavam ao redor de R$40,00/saca já subiram 5,0% para os atuais R$42,00/saca.


A situação atual permanece delicada tanto para indústria como para o pecuarista, porém a questão da indústria é mais delicada. Caso a oferta não seja tão pequena como muitos acreditam e se houver alguma concentração de venda de bois de cocho a pressão de baixa pode ganhar mais força. Com a atual situação em São Paulo, não dá para esperar recuperação significativa de preços no curto prazo nem no físico e nem no futuro.




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