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Scot Consultoria

Por que o mercado futuro de boi não deslancha no Brasil?


Sexta-feira, 16 de outubro de 2015 - 15h48

A pergunta título desse texto tem sido analisada e discutida pelos participantes do mercado de boi gordo de forma continua nos últimos anos. Todo ano, quando se aproxima a liquidação do contrato de outubro e a "rolagem" das posições não corre de forma consistente, o número de contratos em aberto despenca e o medo do mercado não "engrenar" no ano seguinte volta a perturbar quem tem relação direta com ele.


Excetuando-se o ano de 2008, que foi de longe o melhor em termos de liquidez, todos os outros anos apresentaram uma dinâmica bastante parecida, com pico de contratos em aberto durante o mês de outubro e enorme queda de liquidez após o vencimento desse contrato, liquidez essa que, posteriormente, é aos trancos e barrancos reconstruída até o novo pico em outubro do ano seguinte. O problema é que nessa dinâmica o mercado acabou ficando nivelado por baixo, ou seja, não morreu de vez, mas também não se expandiu de forma sustentada em nenhum momento. Observe na tabela 1 o número de contratos em aberto por mês na data de 14 de outubro de cada ano de 2008 a 2015.



A comparação do momento atual deve ter como base o ano de 2008 que apresentou boa liquidez, recorde no número de contratos em aberto, curva de preços longa e com liquidez razoável em contratos com mais de um ano de prazo. A comparação da distribuição dos contratos por tipo de participante de 2008 e agora, traz muita informação sobre quais participantes deixaram de atuar no mercado.


Repare a enorme queda na porcentagem da posição detida por Investidor Institucional (fundos nacionais) e Investidor Não Residente (estrangeiros) frente ao total do mercado em 2015 e 2008. Em 2008 fundos de investimento detinham 45,96% da posição comprada e 37,81% da posição vendida do mercado, enquanto que em 2015 esse número caiu para 16,44% e 4,07%, respectivamente. Isso usando como referência o percentual sobre o mercado, se analisarmos apenas os números absolutos a diferença fica ainda mais gritante.


O grande desafio para voltarmos a ter um mercado exuberante como em 2008 é justamente atrair novamente os players de fora do mercado pecuário. Quem precisa do mercado futuro como frigoríficos e pecuaristas tem participado dele e é por isso que ele ainda não acabou, mas mantendo-se a dinâmica atual sofremos com um ciclo vicioso, difícil de ser quebrado, onde a pouca liquidez afugenta grandes investidores e a ausência de grandes investidores faz com que o mercado não tenha boa liquidez. Quebrar essa dinâmica perversa é a grande tarefa que se impõe diante da BVMF e das corretoras, já que com baixos volumes negociados como os atuais fica difícil chamar a atenção dos participantes de fora da pecuária.



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