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Crise aguda na Rússia, e o boi com isso?


Sexta-feira, 19 de dezembro de 2014 - 12h19

Deixando um pouco os acontecimentos específicos do mercado de boi gordo em segundo plano, vamos discutir no artigo dessa semana a recente piora na situação da Rússia, que por ser um importante player no mercado mundial de carnes tem implicações importantes para a pecuária do Brasil.


A soma de alguns fatores, dentre eles os mais importantes, sendo o embargo de Europa e EUA, e a forte queda do petróleo afetaram de forma dramática a economia da Rússia, cujas expectativas recentes apontam para uma queda de 5,0% do PIB em 2015. Diante dessas circunstâncias a saída de capital do país foi tão brutal que no período de junho até agora, o dólar subiu mais de 115,0% frente ao rublo, sendo que apenas nos primeiros dois dias dessa semana a alta foi de 15,0%. Acompanhe na figura 1 a violência do movimento.



No início de julho, eram necessários 34 rublos para se comprar 1 dólar, sendo que nas máximas do começo dessa semana eram necessários 78 rublos para se comprar 1 dólar. Como as cotações da carne no mercado internacional se dão em dólares/tonelada, é fácil notar a enorme perda do poder de compra da moeda russa. Colocando em perspectiva, seria como se a taxa de cambio R$/Dólar passasse dos R$2,25 do início de julho para ao redor de R$4,85. A situação se deteriorou tanto nessa semana que o banco central Russo subiu sua taxa básica de juros de 10,5% para 17,0% para tentar conter a saída de capital, mas mesmo após esse movimento brutal o dólar ainda se valorizou mais 10,0% frente ao rublo.


As consequências dessa crise aguda na Rússia para o mercado de carnes não podem deixar de ser analisadas com mais profundidade, já que segundo dados do USDA em 2014 ela representou perto de 10,5% das importações de carne bovina mundial, 7,5% da carne suína e 4,5% de frango. A primeira e óbvia consequência disso para o Brasil é que em 2014 até outubro, a Rússia foi nosso segundo maior comprador, comprando 21,7% do que exportamos. A outra consequência é que nossos concorrentes no mercado exportador também terão seus volumes para a Rússia reduzidos, gerando maior competição e consequente pressão nos preços de outros mercados. A própria Europa exporta volumes significativos para a Rússia que provavelmente terão de ser absorvidos no mercado interno reduzindo também a demanda nesse mercado.


Além desse grave problema com a Rússia, a forte queda recente do petróleo também afeta o poder de compra de outros importantes parceiros comerciais do Brasil, como o Oriente Médio e mais importante a Venezuela que em 2014 foi nosso terceiro maior comprador em volume até outubro. Trocando em miúdos além das incertezas com relação ao mercado interno, agora também aumentaram às incertezas com relação ao mercado externo em 2015 e diante desse cenário a reação negativa dos preços frente a possíveis momentos de aumento de oferta podem ser relevantes, principalmente num momento de estoques comprados em preços altos como o atual. A gestão do risco de preços terá ainda mais importância em 2015.



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