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Scot Consultoria

Dólar disparou, e o boi com isso?


Sexta-feira, 19 de setembro de 2014 - 16h26

Os mercados físico e futuro de boi gordo tiveram uma semana relativamente calma, com variações de preços bastante modestas.


Considerando-se os preços da última semana, o indicador ESALQ à vista ficou praticamente inalterado, saindo de R$128,36/@ no último dia 10/9 para os atuais R$128,32/@. 


Nesse cenário o mercado futuro também perdeu volatilidade, com o contrato de outubro oscilando entre os níveis de R$128,50 e R$127,50, mas também sem força para romper para nenhum lado essa banda de preços. 


Com o mercado de boi gordo mais calmo durante a semana, as atenções devem ter se voltado para a variação do dólar, que subiu forte nessa semana saindo do patamar de R$2,25/dólar para os atuais R$2,37/dólar, uma alta de mais de 5,0% nos últimos 10 dias. A reação imediata das commodities no Brasil foi de alta, com os contratos futuros de milho subindo perto de 3,0% e mesmo os contratos futuros de boi subindo um pouco na esteira da alta do dólar. Essa reação imediata, porém, pode não ser a mais correta e é preciso analisar seus impactos com um pouco mais de profundidade.


Mesmo que no Brasil haja fundamentos de sobra para a alta do dólar, o movimento atual tem sido fruto mais das expectativas quanto à subida dos juros nos EUA, do que com a deterioração macroeconômica do Brasil. Nesse sentido, a alta do dólar na última semana foi um fenômeno mundial e o dólar subiu contra praticamente todas as moedas do mundo, o que diminuiu o impacto positivo sobre nossas exportações, já que se por um lado nosso produto fica mais barato em dólares, a variação do preço na moeda local do país importador não é necessariamente a mesma, podendo até encarecer nosso produto, caso a alta do dólar na moeda do importador tenha sido maior do que a alta frente ao nosso Real.


Para ilustrar melhor essa análise, vamos observar as cotações da moeda dos nossos principais clientes, a Rússia (Rublo, Linha verde) e Europa (Euro, linha branca) e do nosso Real (linha amarela) frente ao dólar nas últimas semanas. Repare que nos últimos 30 dias enquanto o dólar subiu ao redor de 6,0% frente ao Real, ele subiu 11,0% frente ao Rublo e o impacto imediato disso é que se as cotações da carne brasileira tivessem se mantido estáveis e US$/ton, elas ficariam 5,0% mais caras em Rublos/ton, dificultando, ao invés de facilitar a venda do nosso produto. No caso do Euro, a alta do dólar foi ao redor de 5,5%, bastante próxima, portanto da alta frente ao real, com impacto praticamente nulo em termos da competitividade de nossa carne no mercado europeu.


É cedo para afirmar que a queda de 27,7% no volume exportado das duas primeiras semanas de set/14 contra o mesmo período de set/13 sejam reflexo desse impacto, mas o fato é que existe também dificuldades de repasse dos preços mais altos no mercado externo, assim como no mercado interno. A alta do dólar tem sido entendida como um fator altista para as cotações do boi gordo pelo mercado, mas o real impacto disso precisa ser analisado mais profundamente, considerando as variações das moedas de nossos clientes e de nossos concorrentes frente ao dólar para sabermos se o impacto é positivo nulo ou negativo.



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