Até onde os preços do milho podem cair?

A queda nos preços futuros do milho tem sido enorme até agora. Nos últimos 2 meses a queda do contrato de milho para setembro na BM&F foi de 17,0%, saindo de R$30,50/saca para os atuais R$25,50/saca. A queda dos preços na bolsa de Chicago, que é a referência mundial para esse cereal, foi também próxima dos 15,0%, e atualmente, o milho lá fora se situa abaixo do importante patamar de US$4,50/bushel, sem muita força para reverter a tendência atual. 

Acompanhe a evolução dos preços na figura 1. O cenário baixista para o milho tem sido desenhado pela conjunção de vários fatores, com destaque para o início da colheita da safrinha brasileira, que não teve seu desenvolvimento afetado negativamente por nenhuma adversidade climática mais grave; o plantio e início do desenvolvimento da safra americana dentro da janela ideal e com potencial produtivo bastante grande, com atualmente 75,0% das lavouras em bom ou excelente estado vegetativo e pelo dólar que não tem força para se sustentar acima dos R$2,30 e dificulta ainda mais as exportações de milho.

Nos últimos anos com a crescente oferta do milho safrinha, o Brasil tem tido uma dependência grande do mercado externo para escoar sua produção, e, regiões de logística menos eficiente como o Mato Grosso acabam sofrendo mais nesse cenário. Esse ano um agravante é que caso a safra americana confirme o bom início, e seja colhida com bom rendimento, o grande excedente da produção tomará do Brasil importantes mercados de exportação agravando o cenário de excesso de oferta no mercado interno.

Essa situação tem sido amplamente favorável aos confinadores e a relação de troca entre a arroba de boi gordo e sacas de milho está atualmente no melhor patamar da história, em 5,05 sacas/@, usando-se os contratos de boi outubro e milho setembro como referência. A alta dos preços no mercado futuro de boi, com outubro ao redor de R$128,50/@ já permite ao confinador travar bons resultados na operação de engorda, mesmo frente ao alto custo do boi magro. E muitos confinadores que estavam fora das compra, retornaram ao mercado na última semana. Novamente as expectativas são de aumento no volume de animais confinados. A conferir.