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Scot Consultoria

Mercado tem memória curta...


Sexta-feira, 19 de abril de 2013 - 17h16

No mercado físico do boi gordo desta semana não há muito que acrescentar ao cenário descrito na semana passada.


Os preços em São Paulo continuam firmes e fortes ao redor dos R$100,00/@, o diferencial de base com Goiás permanece muito aberto. Em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ainda não houve nenhum esboço de pressão vendedora maior, com escalas curtas e dificuldade de compra como cenário mais comum.


O comentário mais relevante a ser acrescentado é que a indústria deu uma endurecida nas negociações de preços mais altos, com relatos de indústrias que preferiram até pular abates para não pagar preços mais altos. A previsão climática com frio e poucas chuvas de agora em diante pode estar sendo o fator por trás deste endurecimento no posicionamento dos frigoríficos.


O que chamou a atenção nessa semana foram as cotações de toda entressafra em queda, com destaque para o contrato de jul/13, que no dia 17/4 caiu R$0,62/@ ajustando em R$97,23 ou R$0,25 abaixo do contato de mai/13.


Talvez o motivo de tanto pessimismo com o contrato de julho seja o que aconteceu em 2012, quando o clima atípico atrasou o final da safra. Isto derrubou os preços em julho.


Porém, mais importante do que olhar um ano isolado é analisar o histórico, que ajuda a amenizar efeitos climáticos de anos isolados. Acompanhe na tabela ao lado a comparação da liquidação dos contratos de maio e julho desde 2006.


Repare que apenas em 2009 e 2012 o vencimento do contrato de julho foi abaixo do contrato de maio, e não por acaso, estes foram dois anos com clima totalmente atípico, com chuvas avançando na entressafra e "atrasando" a saída dos animais de final de safra.


Quem confinou em 2009 deve lembrar-se bem das dificuldades que foi gerenciar o confinamento, literalmente, debaixo dágua, devido às chuvas na entressafra...


Como o efeito climático tem papel preponderante nesta passagem de safra para entressafra, é importante analisar a previsão do tempo para maio, junho e julho. Nisto todos os modelos climatológicos até o momento são consensuais em apontar clima típico para esses meses, e por clima típico pode-se entender temperaturas em queda e pouca chuva.


Como abril tem sido um mês com muita chuva até agora, é possível que as pastagens ainda mantenham boa capacidade de suporte em maio.


Entretanto, pelo que está disponível para análise até o momento, dificilmente isso se estenderá até junho, além disso, não é esperada nenhuma redução de demanda muito forte para esse período. Pelo contrário, junho e julho são meses típicos de exportação em ritmo acelerado, devido ao verão no hemisfério norte.


Outro ponto importante é que em nenhum momento o mercado futuro de julho teve preços mais altos que incentivaram o confinamento no primeiro giro.


O mercado futuro precificando julho abaixo de maio em função apenas do cenário de preços do ano passado, sem nenhum evento climático que justifique, me parece um pouco exagerado.


Ignorar uma tendência histórica tão bem definida como a do diferencial entre esses dois meses é uma ótima oportunidade de se apostar na ponta contrária.





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