• Sexta-feira, 19 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

A unanimidade é burra?


Quinta-feira, 24 de março de 2011 - 17h23

O mercado físico de boi já está há quase 20 dias sem apresentar nenhuma oscilação significativa. Desde o dia 4/3 o Indicador ESALQ à vista se situa entre R$105,50/@ e R$106,00/@, sem força para romper definitivamente nenhum desses 2 extremos. A oferta continua restrita e não permite quedas sustentadas de preço, mas, por outro lado, a demanda por carne também é limitada nos preços atuais, o que deixa o mercado bastante travado e sem grandes movimentações. No mesmo período, O valor do boi equivalente, que representa a receita obtida com a venda da carne com osso recuou 2,56% espremendo a margem da indústria. Se a movimentação no mercado físico foi errática, as dos futuros de vencimento mais longo tiveram uma só direção: para baixo! O contrato de out/11 saiu de R$106,18/@ em meados de março, para fazer a mínima ao redor de R$104,00/@. O contrato de maio saiu de R$101,00/@ para os atuais R$ 100,00/@. Ao analisar tal movimento, a questão que se levanta imediatamente é: por que a entressafra caiu tanto? Quando confrontados com os números atuais, a imensa maioria acredita que o contrato de out/11 está barato e é a melhor alternativa para compras no mercado futuro atual. Os números comprovam essa percepção, pois, como postou Rogério Goulart, editor da Carta Pecuária, no gráfico que reproduzimos ao lado, a precificação atual do contrato de out/11 representaria de longe a pior entressafra desde o início do plano real. Precificar o contrato de outubro quase 2 reais abaixo do contrato de março em plena safra também representa uma enorme distorção tendo os parâmetros históricos como referência. O spread maio x out fez sua mínima a R$4,00 no dia 22/3 e esse estreitamento merece ser melhor analisado. Esse diferencial de preços atual representa um carrego de 4% num período de 5 meses e é um enorme desestimulador para a atividade de confinamento. Com o enorme aumento de custos dos insumos (boi magro e comida), a necessidade de capital para a atividade é gigantesca. O custo de oportunidade desse capital seria a taxa SELIC, que atualmente está 11,75% ao ano ou 4,74% em 5 meses. Difícil encontrar algum sentido econômico que justifique o confinamento de bois com o cenário atual. Diante desse cenário a imensa maioria acredita que o contrato de out/11 está barato e é uma boa oportunidade de compra, porém, atualmente, esse contrato só tem caído, o que nos leva a pergunta: a unanimidade é mesmo burra? Será esse um caso clássico de que “Quando todos estão falando a mesma coisa ninguém está pensando...”? Ou ficamos com a frieza dos dados históricos e mantemos em mente a frase de Keynes, que nos diz que “O mercado pode ficar irracional mais tempo do que você pode se manter solvente...”
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja