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Scot Consultoria

Contra a taxação do wet blue


Sexta-feira, 17 de julho de 2009 - 14h34

O mercado do couro verde está andando de lado. Já a cotação do sebo voltou a cair. A demanda está fraca por conta do frio, apesar disso os compradores acreditam que o movimento de baixa está próximo do limite. Em menos de um mês a cotação caiu de R$1,50/kg para R$1,25/kg. Um recuo de 17%. CONTRA A TAXAÇÃO DO WET BLUE A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) preparou um relatório contra a taxação do couro wet blue, que atualmente é de 9%. A Scot Consultoria contribuiu com informações. Acompanhe alguns pontos levantados: O couro cru catado, comercializado no mercado interno, sofreu queda de 91% de abril/2001 a junho/2009, passando de R$2,25 o kg para R$0,20. Um couro pesando 40 kg passou de R$90,00 para R$8,00. Desta forma, um boi gordo de 17 arrobas comercializado pelo preço de R$42,33 por arroba (conforme Indicador Esalq), valia R$719,61 em abril de 2001, enquanto o couro bovino comercializado ao preço de R$2,25 o kg, valia R$90,00. A venda do couro cru representava 12,51% do valor pago pelo animal. Em junho de 2009 representou apenas 0,58% do valor do animal. Da mesma forma, um couro de primeira linha, comercializado ao preço de R$2,30 o kg em março de 2007, valia apenas R$0,45 o kg em junho de 2009, ou seja, uma queda de 80,4%. Assim, um couro de 40 Kg que representava 9,54% do preço do boi gordo em março de 2007 passou a representar apenas 1,3% em junho de 2009. Mesmo com a brutal queda dos preços do couro no mercado interno, há empresas trabalhando com estoques elevados, em busca de compradores. O Brasil produz mais de 40 milhões de peles bovinas por ano, sendo que as indústrias têm capacidade de absorver 15 milhões de peles para transformação em produtos acabados. O restante deve ser necessariamente exportado. O couro é uma commodity cujo preço é formado no mercado internacional pelas forças de oferta e demanda. A imposição de um imposto de exportação sobre uma commodity não altera seu preço no mercado internacional, o que significa que os exportadores, ao venderem sua mercadoria para outro país, receberão pelo produto o preço do mercado internacional, menos o valor do imposto. Por outro lado, os compradores do produto no mercado interno pagarão pelo produto apenas uma pequena diferença acima do preço do mercado internacional menos o valor do Imposto de Exportação. Como a demanda interna por couro wet blue continua inalterada, os preços do produto sofrem uma queda, que é repassada aos preços do boi. Os pecuaristas não têm como repassar a queda e acabam arcando com o ônus da política, que beneficia poucas empresas. A demanda das indústrias de calçados, artefatos e estofamentos não acompanhou a evolução da oferta de couros no mercado brasileiro. De 2000 a 2007, a produção de couros bovinos no Brasil saltou de 32,5 milhões para 45 milhões de unidades, um expressivo aumento de 38%. No mesmo período, o couro exportado na forma de calçados, por exemplo, passou de 7,73 milhões de unidades para 7,20 milhões, ou seja, queda de 6,86%. Além dos excedentes de couro no mercado interno, as indústrias de calçados, artefatos e estofados podem importar couros pelo regime de Drawback, sem imposto. Ou seja, taxam-se as exportações de wet blue em 9% e permite-se sua importação com alíquota zero, através de Drawback. Em síntese... “O Brasil gera excedentes cada vez maiores de couro que devem ser exportados. As indústrias brasileiras de calçados, artefatos e estofados estão plenamente abastecidas e não possuem condições, no curto e médio prazo, de aumentar sua capacidade para absorver todo o excedente de couro. As restrições às exportações não trazem nenhum benefício ao País, apenas depreciam o valor do couro no mercado interno, prejudicando pecuaristas, pequenos e médios curtumes e trabalhadores”.
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