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Scot Consultoria

Mercado do boi gordo em 2010


Terça-feira, 28 de dezembro de 2010 - 14h29

Este foi um ano bom para os produtores, em termos de preços. As cotações do boi gordo subiram mais que os custos e mais que a inflação medida pelo IGP-DI. A alta foi de 34,4% para o boi gordo em São Paulo, 20,4% para os custos de produção na média nacional e 9,8% para o IGP-DI. Portanto, as margens foram positivas em 2010. A oferta se manteve ajustada à demanda na maior parte do ano, com alta dos preços quase que continuada até meados de novembro. O movimento do mercado foi semelhante em todas as praças pecuárias, conforme pode ser observado na tabela 1. A oferta de animais terminados aumentou ligeiramente na comparação com 2009 (dados prévios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE indicam aumento de 2,5% nos abates entre 2009 e 2010), mas a demanda aumentou mais. Portanto, o principal motivo da alta dos preços foi o crescimento da demanda, especialmente do mercado interno. Isso porque as exportações, responsáveis pelo escoamento de 21% da produção de carne bovina brasileira, ficaram, em volume, praticamente estáveis entre 2009 e 2010. Confinamento A alta dos preços do boi gordo foi mais forte entre setembro e novembro, quando normalmente a maior parte dos animais confinados é colocada no mercado. Mas neste ano, mesmo a concentração das vendas de animais terminados no cocho (sejam eles negociados no mercado spot ou no mercado a termo) não foi suficiente para provocar qualquer modificação no comportamento de alta dos preços. Talvez por causa do volume de animais confinados, que caiu significativamente em 2010. A Scot Consultoria estima que o número de animais confinados em 2010 tenha caído 25%, na comparação com 2009 que, por sua vez, já tinha caído 20% na comparação com o ano anterior. Os fatores que interferiram no pequeno volume de animais confinados foram a pequena oferta de boi magro e o seu preço relativamente alto na comparação com as apostas para o preço de venda do boi gordo no segundo semestre. Na época de planejamento do confinamento, as apostas na BM&F não estavam atraentes, o que de certa forma interferiu negativamente na decisão de confinar, mesmo com os custos de alimentação 8% menores em relação a 2009. A situação dos frigoríficos Se por um lado a oferta pequena de animais para o abate favoreceu os produtores por conta do aumento dos preços, essa situação complicou a vida dos frigoríficos. O boi gordo corresponde a mais de 80% dos custos dos frigoríficos, portanto, alta no preço do boi significa aumento direto nos custos das indústrias. Esse fator, aliado à alta ociosidade (que reflete no aumento dos custos fixos), forçou repasse para os preços da carne, subprodutos e derivados. E para analisar a situação dos frigoríficos em 2010, comparamos os preços do boi gordo, o valor da venda da carne com osso, da carne desossada no mercado interno e externo, dos subprodutos e dos derivados. Veja na figura 2 que os equivalentes variaram de maneira semelhante ao boi gordo, o que manteve a diferença entre estes valores pouco alterada ao longo do ano. Em outras palavras, o boi subiu, mas a receita com a venda da carne, couro, sebo, miúdos e derivados acompanhou a alta, mantendo as margens dos frigoríficos, não fosse o aumento dos custos fixos causado pela ociosidade. O mercado externo também foi interessante para as indústrias brasileiras. Mas, melhorou a situação de quem exportou carne in natura de uma maneira geral, não atendendo especificamente o bloco europeu. Veja as variações dos preços na tabela 2, na comparação com o boi. 2011 Deve ser um ano de oferta de animais terminados maior que em 2010, em função da diminuição da participação das fêmeas no abate de bovinos por quatro anos consecutivos, promovendo aumento de rebanho. A demanda interna tende a permanecer em níveis próximos aos de 2010. Ainda mais com os preços no varejo em patamares altos como os atuais, inibindo aumento de consumo. De qualquer forma, a economia aquecida e o crescimento da população tendem a manter o ritmo de consumo de carne. No mercado externo as perspectivas também são positivas, especialmente para as vendas para países em desenvolvimento, que têm demandando mais carne ano a ano. Em linhas gerais, o preço do boi gordo tende a continuar firme em 2011, talvez com um pouco menos de força em relação a 2010, mas ainda assim o cenário é positivo para os produtores.
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