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Scot Consultoria

Resíduos na carne


Quarta-feira, 2 de junho de 2010 - 17h14

Colaborou Alcides Torres, engenheiro agrônomo e diretor da Scot Consultoria. A recente necessidade de recall (retirada do mercado) de carne brasileira nos Estados Unidos e a consequente suspensão temporária das exportações brasileiras para este mercado fizeram aumentar as atenções para os resíduos na carne. O MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - suspendeu a exportação porque foram encontrados resíduos de ivermectina na carne. Além do prejuízo direto com a ausência da receita com as exportações para os Estados Unidos, a imagem do Brasil sai arranhada, dificultando futuras negociações. Ruim para toda a cadeia produtiva. O controle que existe no Brasil O Brasil, através do MAPA, tem um trabalho contínuo de fiscalização e controle de resíduos de medicamentos veterinários, agroquímicos e outras substâncias em produtos de origem animal (carnes bovina, suína, frango e pescados, além de leite e mel). É denominado Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal (PNCR). Existe um limite máximo de resíduo (LMR) que o alimento pode conter (específico para cada substância), sem o prejuízo da integridade orgânica de seres vivos e animais. São mais de 130 substâncias, entre antimicrobianos, sedativos, pesticidas, antiparasitários, anabolizantes, entre outros, que compõem a listagem divulgada pelo MAPA para o PNCR de 2010. As normas nacionais e a metodologia de controle são compatíveis com as exigências de órgãos internacionais. O controle de resíduos nos produtos de origem animal é feito por amostragem. As amostras são colhidas pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) em todo o Brasil. A aleatoriedade da colheita é realizada por sorteio mensal dos estabelecimentos envolvidos no programa, obedecendo a um cronograma estabelecido pelo SIF. Após a coleta dos materiais, é feita a análise para a checagem do LMR ou a presença de substâncias proibidas. O que acontece se existirem resíduos? Caso seja constatada a presença de substâncias controladas acima do limite permitido e for comprovada essa violação, o proprietário, a Inspeção Federal e a Defesa Animal são notificados. A propriedade ficará impedida de comercializar animais até que novas análises apresentem resultados negativos. As análises são realizadas a cada 90 dias, o que na prática impede a comercialização dos animais desta propriedade durante este período. O produtor é penalizado em função disso. Se for constatada e confirmada a presença de substâncias proibidas nos produtos de origem animal, o proprietário destes animais é imediatamente notificado, assim como a Polícia Federal. Neste caso, a propriedade ficará seis meses interditada, além do proprietário sofrer as conseqüências cabíveis de uma sindicância na Polícia Federal. A remuneração do produtor, caso seja constatada substância proibida ou níveis acima do permitido de resíduos na carne, ainda não está bem definida nas unidades frigoríficas. Mas visto que as carcaças que estiverem fora da legislação serão incineradas, o produtor dificilmente receberá por estes animais. Existe um trabalho conjunto dos agentes brasileiros (indústria frigorífica, MAPA, fabricantes de medicamentos veterinários e produtores) para sustentar um controle rígido, até mesmo independente do PNCR, com procedimentos internos na indústria para a manutenção da qualidade. Novas exigências Recentemente a Rússia anunciou aos órgãos brasileiros que diminuirá o limite máximo de resíduo na carne comercializada entre os países. O Brasil terá que acatar essas condições para continuar vendendo carne para este importante mercado. A Rússia comprou 17,3% da carne exportada pelo Brasil em 2009, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Uma alteração nos LMRs acarretará em alterações na carência (período necessário para que não haja resíduo na carne, entre a aplicação do medicamento e o abate) dos produtos veterinários presentes na lista de substâncias controladas. Ou seja, a recomendação de bula deverá ser alterada ou o medicamento cairá em desuso. Os parâmetros serão rediscutidos. As autoridades se reunirão para harmonizar além dos limites, os métodos de análise. E antes que algum desavisado saia por aí metendo o pau na carne brasileira, a metodologia adotada pelo Brasil obedece às recomendações do Codex Alimentarius, organismo internacional de referência para a segurança dos alimentos. Nesse método, o fígado é analisado. Os Estados Unidos, por exemplo, analisam o músculo, o que dá brechas para discrepâncias nas análises.
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