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Scot Consultoria

Commodities, quem paga o ajuste diário?


Quinta-feira, 24 de abril de 2008 - 17h19

A velocidade com que as cotações dos grãos, notadamente da soja, oscilam na Bolsa de Chicago - CBOT (referência mundial) vem tirando o sono de muitos produtores. A palavra "Bolsa" - utilizada para se denominar o local onde ocorrem negociações de títulos de empresas e valores futuros de mercadorias - surgiu na cidade de Bruges, na Bélgica do século XIV, onde as negociações entre os agentes eram realizadas em uma propriedade da família Van der Burse. Não se sabe ao certo se foi em função do nome ou das insígnias (um escudo com três bolsas em relevo) que se definiu o nome "Bolsa". Nesse período vários avanços nos tipos de contratos ocorreram, mas sempre com a mesma intenção essencial. Em qualquer "Bolsa" os tomadores do risco se encontram com os avessos ao risco, ou seja, um busca ganhos mediante um risco maior, o outro busca a proteção. Os dois integrantes são fundamentais para o funcionamento desse mercado. Após a crise imobiliária nos EUA, a balança entre os avessos e os tomadores de risco perdeu o equilíbrio. Os gigantescos fundos de investimento, de hedge e pensão migraram para as commodities (em geral), na tentativa de fugir da crise financeira e de capitais. Resultado: oscilações e volatilidade nunca antes vistas no mercado de commodities. As variações chamam a atenção. Até mesmo os armazéns compradores do vale do Mississipi, responsáveis por grande parte do escoamento da produção daquele país, não trabalham com mais do que 30 dias de prazo para suas compras. Ou seja, se quem mais se beneficiava da segurança dos preços não utiliza mais ferramentas de hedge, algo anda errado. Tão errado que a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) - entidade governamental que regula a atividade - teve que dar algumas explicações ao mercado sobre a atuação dos fundos. Sem grandes mudanças, a CFTC explicou os fundamentos do mercado e a atuação dos agentes envolvidos (entre eles a importância do especulador). Mas o cenário ainda é de muita volatilidade. Os ajustes diários (valor que se deve pagar ou receber de acordo com a diferença entre o preço "travado" e o preço corrente do mercado) acabaram se tornando um martírio para os produtores. As chamadas de margem se tornaram constantes, e até empréstimos em bancos para realizar o ajuste são necessários, acarretando em juros e encarecimento da operação. As opções já valem prêmios muito maiores do que a garantia que oferecem, tudo isso devido à alta volatilidade. A exigência de capital de giro não é para qualquer produtor. A volatilidade pode apresentar oportunidades únicas para os produtores, mas sempre com a devida atenção. De acordo com o relato de alguns produtores norte-americanos, a oscilação dos preços é tanta que deixaram de ser produtores para se tornarem operadores de Bolsa, focando quase que toda sua atenção à CBOT. Como exemplo de volatilidade, vale mencionar os dias 21 e 22/04. No dia 21 a soja fechou em baixa de 3,3%. Mas no dia seguinte houve uma valorização de 4,5%, oportunidade para muitos que compraram na baixa e venderam na alta. Além disso, preços recordes do petróleo (US$120,00/barril) e sua relação com os biocombustíveis, o atraso do plantio nos EUA e nenhum sinal de desaquecimento da demanda mundial por alimentos sustentam o cenário dos grãos. Que sirva como lição para os colegas brasileiros aproveitarem os bons momentos das cotações. Atenção também ao câmbio e aos custos dos insumos que determinam o sucesso na atividade. Mas isso é outra história.
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