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Scot Consultoria

Escassez de alimentos: Nova realidade mundial?


Quarta-feira, 9 de abril de 2008 - 09h52

A inflação dos alimentos preocupa consumidores e governos do mundo todo. Na Zona do Euro ela registrou recorde em março, chegando a 3,5% ao ano. Na Argentina, país já fragilizado pela crise econômica em passado recente, o governo local taxou as exportações de produtos primários na tentativa de conter a inflação. Resultado: produtores locais entraram em greve e, por alguns dias, interrompem o abastecimento do país. China, Egito, Vietnã e Índia, que representam mais de um terço das exportações mundiais de arroz, diminuíram as vendas este ano. E a Indonésia poderá fazer o mesmo. O arroz está batendo US$27,58/saca de 60 kg nos contratos para maio na Bolsa de Chicago (CBOT), e US$28,15/saca para os contratos com vencimento em julho de 2008. O valor é o dobro do preço cotado no mesmo período de 2007. Desde 2001, o preço do cereal já quintuplicou. Os aumentos de preço e a possibilidade de falta de arroz e outros grãos têm causado tumultos sociais nos últimos meses na Mauritânia, Guiné, México, Marrocos, Senegal, Uzbequistão e Iêmen. Nova realidade mundial: falta de alimentos. A busca por culpados gera distorções dos fatos e leva desinformação à opinião pública. A produção de combustíveis renováveis - os tais dos biocombustíveis - explica em parte a maior demanda por grãos em nível mundial, principalmente milho. Mas não foi isso que a turma dos ecologicamente corretos pregava há tempos? Parece que não. A França já sinalizou descontentamento com as "facilidades" tarifárias do etanol produzido no Brasil, alegando subsídios fiscais. A União Européia também estuda retaliar os EUA, por vender biodiesel abaixo do preço de seu mercado local. Além disso, começam a pipocar estudos alegando que a produção de combustíveis renováveis não é tão viável assim, ao menos do ponto de vista econômico. É ver para crer, mas o Brasil continua na espera para tomar a liderança desse mercado, já que conta com uma série de vantagens competitivas. Enquanto isso, apesar das oscilações, os grãos continuam com preços firmes no cenário internacional. Mesmo com declarações da China de que seus estoques encontram-se estáveis e que são auto-suficientes, o mercado não cede: o milho é o recordista da vez, atingindo preço de US$6,16 para os contratos de julho de 2009 na CBOT (dia 07/04), sinalizando ainda maiores aumentos. A soja encontra-se mais suscetível ao "mercado de clima" que toma forma nos EUA. A volta da Argentina ao mercado e as revisões dos estoques finais (subestimados) publicadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) dão maior volatilidade ao grão, e podem surpreender os produtores no curto prazo. Além disso, recorde de colheita no Brasil e aumento da área plantada nos EUA exercem pressão de baixa. De qualquer forma, a atuação dos fundos de hedge, intempéries climáticas e revisão dos estoques finais por parte de instituições públicas e privadas, alegando haver "subestimado" as quantidades iniciais, podem mexer com as tendências. Questões políticas sempre existirão para "desorientar" momentaneamente o mercado, mas nada consegue ir contra os fundamentos: menor oferta e demanda aquecida sempre resultarão em preços mais altos.
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