Biodiesel: Será que vai?

Foi a partir de janeiro que a obrigatoriedade do uso de 2% de biodiesel misturado ao diesel (B2) passou a valer. Entretanto, essa exigência não foi suficiente para impulsionar a produção de biodiesel. Atualmente, cerca de 90% do combustível é feito a partir da soja, o que contribuiu para a alavancada das cotações do grão. O preço da soja vem se recuperando desde 2007. Houve um reajuste de 46% até o final do mês passado, em comparação a janeiro de 2005. Para o óleo de soja bruto, matéria-prima do biodiesel, a valorização foi de 76%, ao longo do mesmo período. Está compensando vender o próprio óleo, ao invés de fazer combustível. O sebo, derivado bovino utilizado para diversos fins (cosméticos, produtos de higiene e limpeza), também passou a ser utilizado na fabricação de biodiesel. Resultado: aumento de mais de 100% nos preços desde 2005. Se o preço da maioria das matérias-primas do B2 aumentou, o que aconteceu com o preço do combustível nos leilões do governo? O preço pago às indústrias produtoras de biodiesel, nos leilões do governo, caiu 4% no mesmo período (figura 1). Atualmente, são 51 as empresas produtoras, a maioria (18) situada no Mato Grosso (notadamente maior produtor nacional de soja). No entanto, muitas estão paradas, devido aos preços relativamente elevados das matérias-primas. Mesmo se o governo aumentar a porcentagem da mistura de 2% para 3% (B3), as perspectivas para os produtores de biodiesel, que utilizam a soja como matéria-prima, não são animadoras. A oleaginosa continua batendo recordes históricos a cada semana, chegando a ser cotada a US$15,96/bushel, o que representa R$58,77/saca na Bolsa de Chicago. Hoje, o preço, em litros do óleo de soja bruto está em torno de R$2,68, ou seja, 47,5% acima do último leilão de biodiesel realizado pelo governo em novembro de 2007, quando a média era de R$1,82/litro. Agora depende do cenário internacional. Será que o preço do petróleo ficará tão caro que chegue a compensar a produção de biodiesel? Ou será que os preços dos grãos voltarão à sua média histórica, compensando a produção do biocombustível?
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