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Queda de braço na lavoura. Quem ganha e quem perde espaço


Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008 - 23h58

Grãos com maiores altas nas últimas décadas, arroba do boi firme nas principais praças do país, e o petróleo batendo recorde, chegando a ser negociado a US$102,08/barril na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova Iorque). De 2005 a meados de 2007, a cana vinha despontando como a lavoura mais promissora do agronegócio brasileiro. Temas como energia limpa, combustíveis renováveis, nova matriz energética, entre outros, sempre se relacionavam a essa cultura. Em 2007, o cenário externo mudou. A tão requisitada busca por energia limpa não se deu através da cana. Os EUA, maiores consumidores de energia do mundo, optaram pelo uso do milho ao invés da cana, mesmo a custos maiores. Cenários semelhantes resultaram em diferentes conseqüências para as áreas de lavoura. A semelhança consiste no aumento de culturas de produção de energia renovável, sendo a cana-de-açúcar no Brasil e o milho nos EUA. A diferença está na conseqüência para as outras lavouras. Da safra 2004/05 a 2007/08, o aumento da utilização do milho destinado para a produção de etanol nos EUA foi de 134%. A alta demanda pelo cereal fez com que a área plantada com a cultura no país crescesse 15%, tomando espaço antes destinado a outras culturas. A soja, por exemplo, recuou os mesmos 15% em sua área total. O álcool brasileiro provocou a mesma mudança no panorama nacional - houve uma "invasão" da cana em terras tradicionalmente conhecidas pela produção pecuária ou de grãos. Assim, a maior demanda por energia, aliada ao aquecimento da maioria das economias emergentes, fez com que os estoques mundiais de grãos diminuíssem, ou seja, redução da oferta, aumento de preço. No caso da cana isso não ocorreu, aumentou-se a produção, mas não houve a demanda esperada. No Brasil, os reajustes da arroba do boi, refletindo escassez de produto disponível no mercado, aliado às altas internacionais, principalmente da soja e do milho, frearam a expansão sucroalcooleira. O valor da ATR (Açúcar Total Recuperável) já diminuiu 40% desde março de 2006, quando atingiu o pico das cotações desde abril de 2000. A cana segue na contramão das principais commodities agrícolas, de acordo com a figura 1. Resta esperar se o recorde do petróleo não afetará o preço da nossa gasolina - razão bem consistente para o retorno da expansão do nosso álcool sobre as demais culturas.
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